A Arte do Encontro
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
5 AUTOETNOGRAFIA
Elge Larsson 97 , na Suécia. E, em 2017, marcou o final da programação
Apenas um Jogo, do Espaço de Tecnologias e Artes do SESC Itaquera.
O jogo escolhido para essa ocasião foi Deriva (PRADO, 2017c).
E esse acontecimento pode ser considerado um marco por dois motivos.
Em primeiro lugar, encerrou a programação Apenas um Jogo.
Sob curadoria de Luiz Falcão, foi uma das mais longas programações
contínuas dedicadas ao larp promovida por uma instituição acessível
ao público. Perpassou o ano de 2017 trazendo um repertório nacional
e internacional, além de convites a desenvolvedores de jogos para que
desenvolvessem propostas de larp especificamente para o evento.
Em segundo lugar, pelo larp de Luiz Prado, escolhido para encerrar o
evento. Com um portfólio abrangente 98 , percebo que a obra de Prado
se concentra em três eixos centrais.
O primeiro deles é o enfoque na autonomia e na delegação de responsabilidades
para os participantes de seus larps. Enquanto parte
significativa da produção de larp, tanto no Brasil como no restante do
mundo, costuma ser caracterizada por propostas com definições mais
cristalizadas dos personagens, nos larps de Prado geralmente somos
convidados a tomar um papel ainda mais ativo na construção do próprio
ambiente narrativo, em vez de apenas desempenhar um papel.
Além disso, existe a prioridade dada ao corpo. No lugar do uso da comunicação
verbal, as propostas privilegiam a comunicação gestual, a
97. Conforme apontei anteriormente, existe uma afinidade teórica entre o pensamento
de Elge e a presente tese. Mas a influência de Elge extrapola essa pesquisa, uma vez que
as reflexões dele são um dos pilares para a compreensão brasileira do larp enquanto mídia
e expressão artística.
98. Até onde tenho conhecimento, Prado apresenta o maior volume de propostas de larp no
Brasil, e seguramente um dos maiores do mundo. Ressalto ainda que a obra não é relevante
apenas do ponto de vista quantitativo, pois além da diversidade temática, também possui
qualidades que merecem destaque, sobretudo no que diz respeito às experimentações com
relação àquilo que o propositor denomina como linguagem do larp.
169