A Arte do Encontro
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
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2 TRAPAÇA MIDIÁTICA
mediação. Se em alguns casos constitui papel decisivo na sobrevivência
humana (como é o caso da coesão da coletividade em torno da figura
de um líder), em outros “o modo de ver imposto pelo poder ‘abstrai’
as mediações da sua função original, que é prolongar no mundo real
as demandas da experiência vivida” (VANEIGEM, 2016, p. 121).
Faço valer a consonância do conceito de mediação vaneigeniano e da
economia do sinal de Pross, anteriormente abordada. Tamanha é a
similaridade que, para Vaneigem (2016, p. 116):
[...] a essência da ideologia provém da quantidade: ela não passa de
uma ideia reproduzida no tempo (o condicionamento pavloviano) e no
espaço (a sua adoção pelos consumidores) um grande número de vezes.
A ideologia, a informação, a cultura tendem cada vez mais a perder
o seu conteúdo para se tornarem o quantitativo puro. Quanto menos
uma informação tem importância, mais ela é repetida e com mais êxito
afasta as pessoas dos seus verdadeiros problemas.
Nesse sentido, o pilar da mediação é nevrálgico para uma pesquisa
que está inserida na área da Comunicação. Numa sociedade pautada
pela saturação informacional, ao mesmo tempo em que é vítima da
escassez comunicacional (CONTRERA, 2002), compreender a possibilidade
de alienação decorrente da mediação me parece um caminho
que necessita ser trilhado. Assim:
Por ter sido apreendido por mediações alienadas (instrumentos,
pensamentos, necessidades falsificadas), o mundo objetivo (ou a
natureza, como se preferir) acabou ficando rodeado por uma espécie
de tela que paradoxalmente aliena o homem de si mesmo à medida
que o homem transforma esse mundo objetivo e se transforma
(VANEIGEM, 2016, p. 110-111).
A tela, nesse caso, pode ser vista tanto metaforicamente quanto literalmente.
Afinal, não é inédito nem contestável o fato de que as telas,
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