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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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5 AUTOETNOGRAFIA

fazendo a ambientação sonora), também passei a ser afetado por esse

clima. Muito do não-dito ficou evidente, em que cada momento feliz

parecia conter o germe do futuro final da relação.

Nostalgia (PRADO, 2018c), já durante a madrugada (a programação

havia começado às três da tarde), trouxe a surpresa da chegada de

novos jogadores (Nostalgia foi o larp que individualmente contou

com o maior número de participantes) – um grupo de pessoas que

viu na Virada Cultural uma boa oportunidade para conhecer coisas

novas, sendo o larp uma delas. Nessa proposta, a premissa era inversa

ao que observei durante a minha pesquisa de mestrado: cada jogador

deveria escrever, anonimamente, uma memória num pedaço de papel,

a qual seria recontada pelos outros participantes como se fossem deles

mesmos. Uma experiência que transitou entre momentos cômicos e

trágicos, mas que certamente foi mais intensa para aqueles que viam

ali suas memórias nas bocas de outros.

Para encerrar a maratona, o escolhido foi O ano da tristeza (PRADO,

2018d). Um larp extremamente intimista, cuja proposta dialoga com o

solipsismo visto em Deriva (PRADO, 2017c). A premissa envolvia cada

um narrando histórias de mágoas causadas a pessoas queridas, com os

demais participantes interpretando essas pessoas e tendo a oportunidade

de narrar a sua versão dos fatos. Um larp dolorido de observar, mas

que certamente foi terapêutico 103 para os participantes cujas memórias

foram contestadas e colocadas em perspectiva. Destaque para o uso de

batom como dinâmica representacional: a cada vez que os participantes

eram contrapostos, deveriam se riscar com o batom, de modo que os

demais observavam pessoas que pareciam cada vez mais machucadas.

Em julho, foi a vez do Magnífico nos céus do amanhã (CONFRARIA,

2009), aplicado no SESC 24 de Maio. A trama envolvia a tripulação e

103. Para discussões acerca do potencial terapêutico dos larps, sugiro a leitura de Active

Imagination, individuation, and role-playing narratives (BOWMAN, 2017).

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