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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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6 VINCULAR É BRINCAR

A própria teoria da comunicação como ciência interpretativa que

busca dar sentido ao que não faz sentido algum, mais do que explicar

o que não terá mesmo explicação. Um método participativo, mais que

investigativo, no qual se invista todo o corpo, com todos os sentidos e

com a possibilidade da experiência, sabendo-se que, a comunicação é a

essência da própria vida, e “a vida não é só isso que se vê, é um pouco

mais”, como já diziam Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho.

Penso que a síntese do pensamento de Romano pode ser vista como

a busca por um equilíbrio entre as funções informacional e social da

comunicação. Do ponto de vista informacional, a tecnologia parece

sanar grande parte das dificuldades em difundir, tanto no espaço quanto

no tempo, a mesma mensagem para o maior número de indivíduos

possível. Nas experiências presenciais, por outro lado, a função social

estaria mais potencializada. Em consonância com a função social da

comunicação, “os seres humanos participam como sujeitos ativos da

comunicação na medida em que sua incompletude os obriga à constituição

emergencial e permanente de vínculos sociais e comunicativos.

[...] A comunicação é basal no processo de vinculação e pertencimento”

(MIKLOS; ROCCO, 2018, p. 97).

O vínculo, já apontado como tema central de vários teóricos com os

quais me relaciono, é um conceito polifônico (e, por vezes, polissêmico).

Perpassa, entre outras áreas, a Psicologia, a Etologia e a Filosofia. Se

pensarmos a partir de Buber (2001), o vínculo diz respeito à reciprocidade

das relações de Eu-Tu, uma ligação heterárquica. Dito de outra

maneira, o vínculo (como sugere sua própria raiz etimológica) contém

em si tanto a noção de enlace quanto de algema: ao relacionar-se de

maneira recíproca com o outro (enlace), o vínculo auxilia o indivíduo

na constituição de si mesmo, de modo que sua própria existência enquanto

indivíduo fica presa (algema) à relação com o outro. De maneira

sintética, “não pertencer a ninguém é não se tornar ninguém. Mas

pertencer a uma cultura é tornar-se uma pessoa única”, conforme o

etólogo Boris Cyrulnik (1995, p. 75). É Giordano Bruno quem fornece

201

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