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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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A ARTE DO ENCONTRO

As preocupações de Romano versam, sobretudo, acerca de um desequilíbrio

no ecossistema midiático que tem como consequência a perda

de diversidade cultural. Em outras palavras, inquieta-se sobre a concentração

exacerbada de conglomerados midiáticos que privilegiam a

mídia terciária. Baitello Junior (2014), por sua vez, denuncia a sedação

e o apagamento do corpo, substituído pela imagem.

Para Baitello Junior, a apropriação de imagens exteriores nutre as

imagens interiores 34 . Tal apropriação exige tempo, uma vez que é necessário

confrontar e colocar em diálogo essas duas modalidades de

imagens. Contudo:

Quando não temos o tempo – na mídia terciária, não temos o tempo

da decifração –, ocorre uma inversão. Em vez de as imagens nos alimentarem

o mundo interior, é nosso mundo interior que vai servir de

alimento para elas, girar em torno delas, servir de escravo para elas.

Transformamo-nos em sombras das imagens, ou objetos da sua devoração.

No momento em que não as deciframos, não nos apropriamos

delas e elas nos devoram (BAITELLO JUNIOR, 2014, p. 49).

A esfinge parece ter vencido o dilema. Baitello Junior desdobra a questão

em uma relação distorcida entre corpos e imagens: ao passo que,

tradicionalmente, corpos devoram corpos (antropofagia pura) e imagens

devoram imagens (iconofagia pura), teríamos também a presença de

relações nas quais imagens devoram corpos (antropofagia impura) e

corpos devoram imagens (iconofagia impura).

Minha atenção se volta, sobretudo, aos processos impuros, uma vez

que, “ao contrário de uma apropriação, trata-se aqui de uma expropriação

de si mesmo” (BAITELLO JUNIOR, 2014, p. 130). Isso porque,

34. A fim de simplificar a fruição, as imagens interiores serão tratadas como sinônimo

do termo imaginação. Para uma exposição mais aprofundada acerca de tais imagens,

recomendo a leitura dos conceitos de imagem exógena e imagem endógena (CONTRERA;

BAITELLO JUNIOR, 2006).

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