A Arte do Encontro
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
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A ARTE DO ENCONTRO
assim como à relação dos indivíduos com esses ambientes, numa
tessitura pautada pela ação dos participantes. Reconheço que tal
definição é passível de discordâncias e, para buscar defender tal posicionamento,
o capítulo subsequente desenvolve-se a partir da minha
própria participação em larps. A intenção com isso é demonstrar de
maneira não-abstrata como tais elementos foram percebidos. Se tal
opção evoca uma acusação de ausência de distanciamento do objeto
de pesquisa, minha égide será afirmar que, nas pesquisas envolvendo
jogos, o próprio ato de jogar é um método. Segundo o filósofo Frans
Mäyrä (2008, p. 165, tradução própria):
[...] o jogo analítico como parte dos estudos é diferente do jogo de lazer.
Esse tipo de jogo mais "utilitarista" envolve fazer anotações e relacionar
jogos a contextos mais amplos de pensamento histórico, conceitual e
social que constituem os estudos sobre jogos e as culturas de jogos
em sua forma reflexiva. Ainda que possa ser divertido, tornar-se um
profissional em ludologia também significa que o jogo se torna parte
do trabalho de alguém.
Dessa forma, jogar não é mais só jogar. É a ferramenta 67 de que disponho
para perceber as nuances de uma mídia que advogo ser voltada ao
participante. Portanto, se meu posicionamento fosse o de observador,
estaria observando apenas um espetáculo derivado de tal processo
comunicacional, estéril para a reflexão que proponho.
67. E nesse sentido, é importante ressaltar, até deixa de ser jogar, se nos atentarmos à
definição de Huizinga (2017) do jogo como atividade desinteressada.
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