A Arte do Encontro
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.
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2 TRAPAÇA MIDIÁTICA
Nesse sentido, a crítica a que me proponho visa denunciar o caráter de
Maya: a assunção do conceito no lugar da realidade. Uma preocupação,
assim a vejo, necessária, já que “o flerte com o não-conformismo participa
também dos valores dominantes. A consciência do apodrecimento
dos valores encontra lugar na estratégia de venda. A decomposição é
cada vez mais mercantilizada” (VANEIGEM, 2016, p. 226). Faço ainda
eco ao questionamento de Vaneigem (2016, p. 194):
Ora, podemos perguntar se a moda, hoje muito difundida, de denunciar
um certo condicionamento, propaganda, publicidade, isto é, mass media,
não age como um exorcismo parcial que reforça uma maior e mais
essencial mistificação por retirar a atenção sobre ela. É fácil censurar
o exagero da imprensa vulgar e sensacionalista para cair na mentira
elegante do Le Monde. A informação, a linguagem, o tempo não são as
garras gigantescas com as quais o poder manipula a humanidade e a
submete à sua perspectiva?
O desafio, portanto, é traçar uma crítica que não seja dirigida a um ou
mais objetos, mas sim à própria estrutura objetificadora, que formata
paradigmas, comunicações, sociedades e, por vezes, até mesmo as suas
próprias críticas. Mas também considero que uma postura disjuntiva
é incoerente ao meu posicionamento político-teórico-metodológico.
A busca que me move é, metaforicamente, por brechas no asfalto, que
permitam que plantas brotem. Nesse sentido, a meta não é derrubar o
concreto e tampouco tapar as brechas: é observar a delicada harmonia
entre a falha do asfalto que permite a planta nascer, assim como o enraizamento
da planta que permite que a brecha não colapse. Advogo
por uma ciência subversiva, que finge jogar o jogo, com o objetivo de
denunciar sua efemeridade.
Para tanto, retomo que meu alvo é a própria estrutura da sociedade
espetacular, em diálogo com a comunicação econômica e o paradigma
objetificador. Tal perspectiva, fundada sobre o princípio do poder,
seria marcada por três pilares: a coação, a mediação e a sedução.
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