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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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A ARTE DO ENCONTRO

mãe da fantasia, da invenção e do amor. E restituir a si mesmo, no

fim do seu longo estado de negatividade, na síntese, enfim, da técnica

que é civilização e a vida natural que é cultura, o seu instinto lúdico.

Sobre a Faber, o Viator e o Sapiens, prevalecerá então o Homo Ludens

(ANDRADE, 1978, p. 83).

Na minha percepção, ainda não atingimos a previsão de Andrade e dos

Situacionistas, mesmo algumas dezenas de anos depois. Mas também é

possível que nunca se concretize e que, no lugar de uma previsão, seja

um projeto de futuro – ou futuro imaginário, nas palavras do cientista

político Richard Barbrook. Segundo o autor, “nós somos os criadores

das formas das coisas que virão. Nós podemos intervir na história para

realizar nossos próprios interesses. Nossas utopias fornecem a direção

para o caminho do progresso humano” (BARBROOK, 2009, p. 383-384).

Nesse sentido, no lugar de um otimismo ingênuo, a perspectiva situacionista

incita uma postura esperançosa ante a realidade. Por conta

disso, considero pertinente o apelo de Vaneigem (2016, p. 119):

Não desejo uma sequência de momentos, mas, sim, um grande momento.

Uma totalidade vivida, sem o sentimento de “tempo passando”, sem duração.

O sentimento de “tempo passando” é simplesmente o sentimento

de envelhecimento. E entretanto, uma vez que é necessário também

sobreviver para viver, nesse tempo necessariamente se enraízam os

momentos virtuais, as possibilidades. Federar os momentos, torná-los

leves pelo prazer, extrair deles a promessa de vida já é aprender a

construir uma “situação”.

Assim, ao levar em consideração que a sobrevivência vaneigeniana diz

respeito à vida reduzida ao consumo, construir uma situação seria a

construção de momentos de ruptura na vida cotidiana (INTERNACIONAL,

2003c). Tal construção é “forçosamente coletiva” (INTERNACIONAL,

2003d, p. 63) dado o seu caráter dialógico, e lúdica, uma vez que “para

os situacionistas, o trabalho consiste precisamente em preparar futuras

possibilidades lúdicas” (INTERNACIONAL, 2003e, p. 61).

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