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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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A ARTE DO ENCONTRO

muros acadêmicos é uma necessidade. E, nessa postagem que se coloca

como o manifesto de um artista (mesmo que carregada de diversas

leituras científicas), talvez eu encontre a melhor síntese daquilo que

busquei durante a pesquisa. O larp é um jogo, um tipo de arte, uma

arma política e uma revolução. A ludocomunicação, conceito que essa

tese se propôs a cunhar, é a percepção de que esse potencial lúdico,

artístico, político e insurrecional pode transbordar para além dessas

interrupções do cotidiano que costumamos chamar de brincar. Tomar

pelas mãos a possibilidade de participar da criação da realidade em que

vivemos talvez seja a maior subversão diante das dinâmicas de poder

que permeiam a realidade instituída. A contra-hegemonia não como

substituição de um poder por outro, mas como a própria desistência

do poder. A revolução do homem baixo 131 .

Brincar de estar num mundo diferente nos convida a pensar num mundo

diferente. E pensar num mundo diferente semeia a possibilidade de agir para

que o mundo seja diferente. Se isso é possível, quando nossas brincadeiras

evocam uma competitividade acirrada e o abandono do corpo, temos um

diagnóstico da sociedade hegemonicamente vigente. Por consequência,

talvez um olhar mais atento para as práticas lúdicas permita evidenciar

outras possibilidades. Afasto-me de qualquer determinismo, mas me

alinho à noção de que, se a realidade é complexa (tecida em conjunto),

alterar um dos fios poderá causar transformações em toda a trama da vida.

Ao adotar a autoetnografia, brincar com a pesquisa me pareceu salutar.

O brincar aqui não é posto de maneira desrespeitosa, jocosa. Pelo

contrário: ao evocar o termo brincar, faço referência/reverência à

abertura para o mundo que se apresenta, ao mesmo tempo em que se

aproveita essa oportunidade para criar novos vínculos e manter os já

existentes. Mas sem se preocupar com as consequências do resultado.

Afinal, como celebra o provérbio, no fim do jogo, o rei e o peão voltam

para a mesma caixa.

131. A referência aqui é para 1984, livro de George Orwell.

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