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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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A ARTE DO ENCONTRO

Embora por aportes teóricos distintos, a afirmação me parece muito

próxima do conceito de mídia primária (PROSS, 1987). Contudo, diferentemente

de uma imposição ao primitivismo e de uma perspectiva

ludista diante das TICs, o posicionamento de Bey (1985a, p. 103, tradução

própria) “quer viver nesse mundo, não na ideia de outro mundo,

algum mundo visionário nascido de uma falsa unificação (totalmente

verde OU totalmente metálico) que só pode resultar em mais uma promessa

vazia”. Não se trata da recusa do desenvolvimento tecnológico,

mas sim da recusa da recusa da corporeidade desencadeada por tal

desenvolvimento. A busca por brechas no cotidiano que possam propiciar

experiências imediatas (tanto no sentido de efemeridade quanto

no sentido de ausência de mediação) levam o autor à ideia de TAZ.

Bey (1985a, p. 93, tradução própria) acredita que:

[...] fazendo extrapolações a partir de histórias passadas e futuras sobre

“ilhas na rede” podemos coletar evidências para sugerir que um certo

tipo de “enclave livre” é não só possível em nosso tempo como também

já existente. Todas as minhas pesquisas e especulações se cristalizaram

em torno do conceito de ZONA AUTÔNOMA TEMPORÁRIA (doravante

abreviada como TAZ). Apesar de sua força sintetizadora ao meu próprio

pensamento, no entanto, não pretendo que TAZ seja considerado

como algo mais que um ensaio (“tentativa”), uma sugestão, quase uma

imaginação poética. [...] Enfim, a TAZ é quase autoexplicativa. Se a

expressão se tornar corrente, será compreendida sem dificuldade...

compreendida em ação.

Como busca de brechas e do equilíbrio entre a mediação e o imediatismo,

a TAZ não diz respeito à construção de um dogma político. Opõe-se

ao ideal de revolução, ao exaltar o levante, a insurreição: enquanto a

história considera a segunda como sendo a versão malsucedida da primeira,

Bey aponta para a existência pura desta justamente por não se

fixar no tempo, de maneira a permitir que essa duração crie um ciclo de

revolução-reação-traição que culmina na instituição de um status quo

ainda mais opressor. “Ao falhar em seguir essa curva, o levante sugere

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