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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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A ARTE DO ENCONTRO

consubstancialidade e multilocação. Em outras palavras, permitiu que

algo fosse singular e plural, tanto ele próprio como algo mais, tanto

aqui quanto em outros lugares ao mesmo tempo” (MOUSALIMAS, 1990,

p. 38, tradução própria). O uso do adjetivo mística atribuído a essa

participação contém em si tanto o sentido esotérico do termo quanto

a confusão em perceber, de fora de um grupo, quais forças estariam

em ação, uma vez que tal participação advém de experiências afetivas

coletivas (MOUSALIMAS, 1990).

Alvo de críticas por seu posicionamento, que advogava a mentalidade

primitiva como pré-lógica e embrionária daquilo que chamou de mentalidade

científica, Lévy-Bruhl revisou, ao longo de sua obra, o conceito de

participação, até culminar na proposição de que a participação “deriva

da experiência mística [...], que envolve duas percepções simultâneas:

a percepção sensória das coisas físicas e a percepção afetiva de um poder

invisível” (MOUSALIMAS, 1990, p. 43, tradução própria). Ao almejar

explicar a ocorrência da participação na metafísica, tomou como aporte

o conceito de méthexis.

Descrita como “toda relação que não é nem exclusão nem identidade”

(SOUSA, 2005, p. 71), a méthexis (termo helênico que poderia ser traduzido

como participação) ressoa em harmonia com vários teóricos

que compareceram nessa pesquisa. A festa, apontada como modelo

exemplar de uma comunicação heterárquica (BEY, 1985a; HAGGREN

et al., 2009), comparece também como exemplo de méthexis, já que:

A festa junta, sem confundir, o que, normalmente, está separado. [...] A

méthexis entra como separação e união. Penso eu que a festa é a saída

para a exclusão social, do ponto de vista político. Não é qualquer festa,

ela é divina porque une o que estava separado, mas une sem misturar,

sem confundir (SOUSA, 2005, p. 75).

Nesse sentido, aproxima-se da perspectiva ecológica da comunicação,

pautada pela antropofagia e pelos vínculos, conforme proponho.

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