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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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A ARTE DO ENCONTRO

vontade do imediato. Consagra o triunfo de um conjunto de relações

humanas baseadas em três princípios inseparáveis: a participação, a

comunicação, a realização.

Nomeadas por Vaneigem como a tríade unitária, a realização, a comunicação

e a participação seriam, respectivamente, os opostos (complementares) da

sedução, da mediação e da coação, vistas no segundo capítulo. Esses princípios

seriam desdobramentos de três paixões 130 humanas: criar, amar e jogar.

Por princípio da realização, entende-se aquilo que é ligado à paixão

de criar. “A maldição da civilização da técnica, da troca quantificada e

conhecimento científico é não ter criado nada que encoraje e liberte

diretamente a criatividade espontânea dos homens”, aponta Vaneigem

(2016, p. 248). É importante ressaltar que “a criação importa menos que

o processo que gera a obra, que o ato de criar” (VANEIGEM, 2016, p.

254). Numa sociedade cujo princípio do poder se diluiu da dominação

à organização, a criatividade permanece como ímpeto humano, mesmo

que destinada à clandestinidade. De acordo com Vaneigem (2016, p.

267), “a criatividade popular, que nem a autoridade dos senhores nem

a dos patrões destruiu, jamais se ajoelhará diante das necessidades

programáticas e de planejamentos tecnocráticos”.

A essa paixão de criar, corresponde a insubmissão do Imaginário.

Vaneigem (2016, p. 307) afirma que “na magia do imaginário, nada

existe senão para ser manipulado a meu bel-prazer, acariciado, quebrado,

recriado, modificado. O primado da subjetividade reconhecido liberta do

enfeitiçamento das coisas”. Ressalto que, na obra de Vaneigem, subjetividade

não diz respeito a um modo de vida individualista. Pelo contrário:

[...] a realização da subjetividade individual será coletiva ou não será

nada. [...] Todas as formas de poder hierárquicas diferem entre si,

mas apresentam funções opressivas idênticas. Da mesma forma, to-

130. Do helênico pathos, que remete tanto a sofrimento quanto a experiência.

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