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A Arte do Encontro

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

Dividida em uma pesquisa bibliográfica crítica acerca da gamification e numa autoetnografia da participação em larps, a pesquisa propõe um modelo lúdico e, portanto, comunicacional, pautado pela complexidade, pela contra-hegemonia e pela ecologia. Por ludocomunicação, conceito defendido em A Arte do Encontro, compreende-se um contraponto à gamification – pautada pela competividade e pela virtualização – que visa a utilização de dinâmicas lúdicas para promover a formação e manutenção de relações comunitárias.

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4 A ARTE DO ENCONTRO

Assim como me preocupei, no terceiro capítulo, em delimitar quais

aspectos do jogo são evocados na definição de gamification, a definição

situacionista de jogo elenca que “o elemento de competição deve

desaparecer em favor de um conceito mais realmente coletivo de jogo:

a criação comum de ambiências lúdicas escolhidas” (INTERNACIONAL,

2003e, p. 60). Dessa forma:

Inspirada pelos escritos de Johan Huizinga, a Internacional Situacionista

iniciaria um novo jogo cooperativo em que todos seriam vencedores.

Em vez de consumir passivamente o espetáculo midiático, seus participantes

criariam ativamente sua própria vida social. Para os situacionistas,

o jogo hedonista era a antítese radical do trabalho alienado

(BARBROOK, 2014, p. 63, tradução própria).

Por conta desse interesse pelo lúdico, Debord devotaria parte de sua

vida à criação de jogos. Em 1965, cria Le Jeu de la Guerre, um jogo de

tabuleiro inspirado por suas leituras de Carl von Clausewitz, estrategista

militar e teórico da guerra. É apontado que Debord “depositou tanta

importância em sua invenção de Le Jeu de la Guerre, que a descreveu

como a mais significativa de suas realizações” (BARBROOK, 2014, n.p.,

tradução própria). Debord revelaria em sua autobiografia temer que

fosse a única de suas obras “que alguém ousará reconhecer como tendo

algum valor” (DEBORD, 2004, p. 56, tradução própria).

O jogo de Debord ainda é possível de ser encontrado, tanto nas versões

mais próximas do design original, quanto em versões derivadas.

Richard Barbrook, por exemplo, conduz um grupo científico/lúdico

denominado Class Wargames. A proposta do grupo, criado em Londres

em 2007, envolve disseminar Le Jeu de la Guerre, numa postura

lúdico-subversiva (BARBROOK, 2014).

Mas me interessam, sobretudo, as ressonâncias do jogo debordiano

para com o larp. O próprio Barbrook serve de exemplo também nesse

âmbito uma vez que, enquanto membro da equipe de conselheiros de

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