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O Homem Mais Rico da Babilônia - George S. Clason

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— Seu avô não usava jóias — disse Sharru Nada, pensativo. Depois continuou,

brincando: — Não reservaria tempo algum para trabalhar?

— O trabalho foi feito para escravos — respondeu Hadan Gula.

Sharru Nada mordeu os lábios, mas não fez nenhuma réplica, seguindo em

silêncio até que a trilha os tivesse levado ao declive. Ali freou a montaria e apontou

ao longe o vale verdejante.

— Veja, aí se acha o vale. Procure levar mais adiante seus olhos e entreverá, ainda

indistintamente, as muralhas da Babilónia. A torre é o Templo de Bel. Se tiver olhos

de lince, perceberá inclusive a fumaça que sobe do fogo perene instalado em seu topo.

— A Babilônia é assim? Sempre almejei conhecer a mais rica cidade em todo o

mundo — comentou Hadan Gula. — A Babilónia, onde meu avô começou sua

fortuna. Quem dera ele ainda estivesse vivo. Não deveríamos ser tão apressados.

— Por que deveria o espírito dele ficar na terra além do tempo que lhe foi

reservado? Você e seu pai podem muito bem prosseguir as boas coisas que ele fez.

— Ai de mim, nenhum de nós dois possui os talentos de meu avô. Nem papai nem

eu conhecemos seu segredo para atrair os dourados siclos.

Sharru Nada não respondeu, mas, pensativo, afrouxou a rédea e deixou sua

montaria descer o declive na direção do vale. Atrás deles seguia a caravana numa

nuvem de poeira avermelhada. Algum tempo depois alcançavam a estrada real e

dobravam ao sul, através das fazendas irrigadas.

Três velhos homens arando um campo despertaram a atenção de Sharru Nada.

Pareciam estranhamente familiares. Que coisa mais ridícula! Ninguém passa

quarenta anos depois por um campo e encontra os mesmos homens arando o

terreno. Mas alguma coisa dentro de si dizia que eram eles. Um, com uma força

incerta, manejava o arado. Os outros conduziam com grande dificuldade os bois,

batendo-lhes inutilmente com seus cajados para obrigá-los a continuar puxando.

Quarenta anos atrás tinha invejado esses homens! Com que felicidade teria

então trocado de lugar com eles! Mas que diferença agora! Olhou com orgulho

para trás, apreciando a caravana que o seguia, com seus camelos e burros

criteriosamente escolhidos, abarrotados de mercadorias valiosastrazidas de

Damasco. E tudo isso era apenas uma parte de todos os seus bens.

Ele apontou para os homens que trabalhavam a terra e disse:

— Continuam arando o mesmo terreno onde se encontravam há quarenta anos.

— E o que parece, mas por que acha que são os mesmos?

— Eu os vi ali uma vez — respondeu Sharru Nada.

As recordações passaram como um raio por sua mente. Por que não podia

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