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O Homem Mais Rico da Babilônia - George S. Clason

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cidadão cuja conduta encheria de orgulho meus pais.

"Minhas dívidas eram os meus inimigos, mas os homens a quem pedira

emprestado eram meus amigos, pois tinham confiado e acreditado em mim.

"Eu caminhava sem sentir os pés firmes. Que importava a fome? Que importava

a sede? Não passavam de incidentes no caminho para a Babilónia. Dentro de mim

agitava-se a alma de um homem livre voltando à terra natal para conquistar seus

inimigos e recompensar seus amigos. Eu vibrava com a resolução que tinha tomado.

"Os olhos turvos dos camelos brilharam ao timbre novo em minha voz rouca. Com

grande esforço, depois de muitas tentativas, eles conseguiram sustentar-se sobre as

pernas. Perseverantes, projetavam-se para a frente, em direção ao norte, onde algo

dentro de mim me dizia que iríamos localizar a Babilônia.

"Encontramos água. Passamos por uma região mais fértil onde topamos com

relva e frutas. Descobrimos a pista para a Babilónia, porque a alma de um homem

livre olha a vida como uma série de problemas por resolver e os resolve, enquanto a

alma de um escravo não se liberta da eterna lamúria: 'Que posso fazer se não passo de

um escravo?'

"E quanto a você, Tarkad? O estômago vazio não lhe deixou a cabeça mais

aguçada? Está pronto para pegar a estrada que pode trazer de volta seu autorespeito?

Já pode ver o mundo em sua verdadeira cor? Não tem o desejo de pagar

honestamente suas dívidas, por maiores que sejam, e tornar-se mais uma vez um

homem respeitado na Babilónia?"

Os olhos do jovem ficaram úmidos. Ele se levantou resolutamente.

— Você me fez ver algo importante. Já sinto vibrar em mim a alma de um homem

livre.

— Mas como se arranjou nos primeiros tempos de seu retorno? — perguntou um

ouvinte atento.

— Onde há determinação, o caminho pode ser encontrado — respondeu Dabasir.

—Já me achava então determinado a fazer os planos corretos. Primeiro visitei

todos os homens a quem devia dinheiro, rogando-lhes indulgência até que eu

pudesse ganhar o suficiente para saldar meus débitos. A maioria aceitou de bom

grado minha proposta. Vários me insultaram, mas outros renovaram a oferta de

ajuda. Um deles, Mathon, o emprestador de dinheiro, ofereceu-me o verdadeiro

socorro de que eu precisava. Informado de que eu tinha sido um guardador de

camelos na Síria, ele me enviou a Nebatur, o negociante de camelos, que acabava

de ser escolhido pelo nosso bom rei para comprar muitos rebanhos de camelos

saudáveis para uma grande expedição. Assim, pusà disposição de Nebatur todo

o meu conhecimento sobre tais animais. Paulatinamente tornei-me capaz de

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