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"Isto", continuou Mathon, balançando um pedaço de cordão de embrulho
amarrado num nó, "pertence a Nebatur, o negociante de camelos. Quando ele
compra um rebanho cujo valor ultrapassa suas reservas, ele me traz este nó, e eu
lhe empresto de acordo com suas necessidades. É um sábio negociante. Tenho
confiança em seu bom tirocínio e posso emprestar-lhe livremente. Muitos outros
comerciantes da Babilónia gozam de credibilidade junto a mim por causa do
comportamento correto que costumam ter. Seus penhores entram e saem
freqüentemente de minha caixa. Bons comerciantes são uma vantagem para nossa
cidade, e isso permite que eu os ajude a manter os negócios que tornam a
Babilônia tão próspera."
Mathon apanhou um besouro feito de turquesa e atirou-o desdenhosamente ao
chão.
— Um escaravelho do Egito. O dono dele não está preocupado com que eu
receba de volta o meu dinheiro. Quando o cobro, ele me responde: "Como posso
pagar se o destino me persegue? Você já tem muito." Que posso fazer? O penhor
pertence na verdade a seu pai — um homem de valor, de parcos recursos, que teve
de hipotecar terras e gado para sustentar os empreendimentos do filho. O jovem
conseguiu algum sucesso no início e logo ficou empolgado com a perspectiva de obter
uma grande fortuna. Era ainda imaturo, e suas empresas foram à bancarrota.
"A juventude é ambiciosa. Ela gostaria de encontrar atalhos para a riqueza e as
boas coisas que esta propicia. Para conseguir ficar rapidamente rico, o jovem é
capaz de fazer empréstimos insensatos. Como ainda não reuniu um bom número de
experiências, não percebe que uma dívida desesperada é como poço profundo aonde
se pode descer muito depressa e ali ficar, por muitos dias, lutando em vão para sair.
É um poço de lamentações e remorsos aonde não chega a luz do sol e a noite não traz
um sono reparador. Mas não costumo tirar a força daqueles que pedem dinheiro
emprestado. Encorajo-os, na verdade. Recomendo-o sempre, desde que seja para
um bom propósito. Eu mesmo fiz meu primeiro negócio bem-sucedido com dinheiro
emprestado.
"Todavia, o que pode fazer o emprestador de dinheiro num caso como esse? O
jovem se acha em desespero e não consegue fazer nada. Está desanimado. Não tenta
o menor esforço para saldar seu débito. Meu coração luta contra a idéia de privar o
pai de sua terra e de seu gado."
—Você está me contando muita coisa que eu realmente queria saber — arriscou
Rodan —, mas ainda não respondeu à pergunta que lhe fiz. Devo emprestar minhas
cinqüenta moedas de ouro ao marido de minha irmã? Elas representam muito para mim.
— Sua irmã é uma excelente mulher por quem tenho grande estima. Se o marido dela