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O Homem Mais Rico da Babilônia - George S. Clason

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que também posso confiar em você, não é mesmo? — Sharru Nada olhou-o

diretamente nos olhos.

—Você pode contar com o meu silêncio, mas estou perplexo. Conte-me como chegou a

ser um escravo. Sharru Nada deu de ombros.

— Qualquer homem pode acordar numa bela manhã como um escravo. Foi uma

casa de jogo e o excesso de bebida que me trouxeram tal desgraça. Fui vítima das

imprudências de meuirmão. Numa briga, ele matou seu amigo de copo. Meu pai me

entregou à viúva, desesperado para proteger meu irmão contra o braço da lei. Como

depois ele não tivesse conseguido dinheiro suficiente para libertar-me, a mulher,

raivosa, me vendeu para um mercador de escravos.

— Que vergonha e injustiça! — protestou Hadan Gula. — Mas, diga-me,

como conseguiu ganhar a liberdade?

— Calma, chegaremos lá. Ouça primeiro a história. Quando passamos, esses

homens que estavam trabalhando a terra zombaram de nós. Um deles tirou o

chapéu rasgado da cabeça e fez uma mesura, quase gritando: "Bem-vindos à

Babilónia, hóspedes do rei. Ele os espera nas muralhas da cidade, onde o

banquete é farto: tijolos de lama e sopa de cebolas." E todos eles riram

ruidosamente.

"Pirata encolerizou-se e xingou-os. 'Que querem dizer com isso, que o rei nos

espera nas muralhas?', perguntei-lhe.

" 'Que vamos para as muralhas da cidade carregar tijolos até que nossas

costas se quebrem. Talvez eles o surrem até a morte antes que os próprios tijolos

acabem com você. Mas eu não deixarei que me batam. Eu os matarei.'

"Megiddo tomou a palavra: 'Não faz sentido para mim a idéia de amos batendo

em escravos diligentes, dispostos ao trabalho, até a morte. Os amos gostam de

bons escravos e tratam-nos bem.'

" 'Quem quer trabalhar pesado?', comentou Zabado. 'Esses homens aí

curvados ao arado são sujeitinhos espertos. Não estão quebrando as próprias

costas. Só fazem de conta que estão dando duro.'

" 'Você não prospera usando de malandragem', protestou Megiddo. 'Se

conseguir lavrar um hectare, terá sido um bom dia de trabalho, e o amo reconhece

isso. Mas, se lavrar apenas a metade, isso prova que fez corpo mole no serviço.

Eu não faço hora. Gosto de trabalhar e gosto de fazer um bom trabalho, pois o

trabalho é o melhor amigo que já conheci. Ele me deu todas as boas coisas que já

tive — minha fazenda, meu gado leiteiro, minhas colheitas, tudo.'

" 'Vejam só quem fala, e onde estão essas boas coisas agora?', zombou Zabado.

'Imagino ser muito melhor continuar vivo e arranjar-se sem trabalho. Veja o meu

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