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me procurasse para pedir cinqüenta moedas de ouro, eu o interrogaria quanto ao
uso que estava pretendendo dar a uma soma como essa.
"Se ele me respondesse que seu desejo era tornar-se um comerciante e
investir em jóias e suprimentos finos, eu diria: 'Quais são seus conhecimentos
nesse ramo de negócios? Você sabe onde comprar a preços mais baixos? Sabe
onde vender a preços vantajosos?' Ele pode dizer sim a todas essas perguntas?"
— Não, não pode — admitiu Rodan. — Ele já me ajudou na fabricação de
lanças e nas lojas.
— Então eu lhe diria que seus propósitos não são sensatos. Os comerciantes
devem aprender o seu ofício. Por mais valiosa que fosse, sua ambição não teria
chances de sucesso, e eu não lhe emprestaria dinheiro algum.
"Mas vamos supor que ele dissesse: 'Sim, já ajudei muitos comerciantes. Sei
como viajar a Esmirna e ali comprar a preços baixos os tapetes tecidos pelas
donas de casa. Conheço igualmente muitos homens ricos na Babilônia dispostos a
pagar bem por eles.' Eu diria: 'Seu propósito é sensato, e sua ambição, louvável.
Ficarei feliz em lhe emprestar as cinqüenta moedas de ouro, se você me der uma
garantia equivalente ao valor do débito.' Digamos que ele contra-atacasse:
'Não tenho outra garantia senão minha condição de homem honesto e a palavra
de que lhe pagarei bem pelo empréstimo.' Eu seria obrigado a ponderar: 'Tenho
em alta conta cada moeda de ouro. Se os salteadores roubarem essas moedas de
ouro durante sua viagem a Esmirna ou seus tapetes quando estiver voltando, você
então não terá qualquer possibilidade de reembolsar-me, e meu ouro terá ido
embora.'
"O ouro, Rodan, é a mercadoria do emprestador de dinheiro. E fácil
emprestar. Se você concede um empréstimo insensato, ele tem poucas chances
de voltar para o seu bolso. O emprestador prudente deseja não o risco do
empreendimento, mas a garantia de que vai ser reembolsado.
"É uma coisa boa socorrer os que estão em apuros, ajudar aqueles a quem o
destino tem reservado contrariedades pesadas, prestar assistência aos que estão
começando, para que eles possam progredir e tornarem-se cidadãos de valor, mas
tudo isso deve ser propiciado com sensatez. Você com certeza ainda se recorda do
asno da história — em nosso desejo de ser úteis, podemos correr o risco de
carregar os fardos que pertencem a outrem.
"Novamente me desviei de sua pergunta, Rodan, mas ouça minha resposta:
guarde consigo suas cinqüenta moedas de ouro. Aquilo que você ganha com o seu
trabalho e aquilo que lhe dão como uma recompensa pertencem a você, e
ninguém tem o direito de compartilhá-los a menos que você mesmo tenha essa