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tinham um belíssimo cavalo branco, rápido como o vento.
" 'Enquanto viajávamos, eles me disseram que havia em Nínive um homem
riquíssimo, dono de um cavalo tão veloz que nunca tinha sido derrotado. Por sinal,
não acreditava que pudesse existir cavalo mais corredor que o dele. Por isso
estava disposto a apostar qualquer soma, por mais alta que fosse, em como seu
cavalo venceria qualquer outro em toda a Babilónia. Comparado ao deles,
zombavam meus amigos, o animal do niniviano não passava de um pangaré que
podia ser batido com facilidade.
" 'Propuseram-me então, como se estivessem me fazendo um grande favor,
participar com eles da aposta. Fiquei logo entusiasmado com o plano.
" 'Nosso cavalo levou uma surra vergonhosa, e acabei perdendo grande parte do
ouro.' O pai não pôde deixar de rir. 'Mais tarde descobri que se tratava de um plano
fraudulento desses crápulas e que eles constantemente viajavam com caravanas,
procurando sempre novas vítimas. Creio que todos aqui já perceberam que o
homem em Nínive era um associado deles, que dividia entre os três os lucros da
aposta. Esse astucioso golpe me deu minha primeira lição, incitando-me a ter mais
cuidado daí para a frente.
" 'Logo aprenderia outra, igualmente amarga. Na caravana havia um outro
jovem com quem estreitei laços de amizade. Ele era filho de pais ricos, como eu,
viajando a Nínive a fim de encontrar uma posição conveniente. Não muito depois
de nossa chegada, me contou que um comerciante tinha morrido, deixando uma loja
repleta de ricas mercadorias e uma clientela de primeira qualidade que podiam
ser adquiridas por um preço insignificante. Dizendo que seríamos sócios em
partes iguais, mas que antes precisava voltar à Babilónia para investir seu
dinheiro, convenceu-me a comprar a loja apenas com a minha parte,
acrescentando que a dele seria usada mais tarde para levar adiante o
empreendimento.
" 'Ele adiou quanto pôde sua viagem à Babilónia, provando nesse meio tempo ser
um comprador burro e um gastador insensato. Por fim mandei-o embora, mas o
negócio já se deteriorara, a loja repleta de mercadorias que ninguém queria
comprar e eu sem dinheiro para adquirir outras. Passei o que restava a um
israelita por um preço desprezível.
" 'A isso se seguiram, meu pai, dias bastante amargos. Procurei emprego e não
encontrei, pois não tinha profissão nem treinamento que me capacitassem a
ganhar o meu dinheiro. Vendi meus cavalos. Vendi meu escravo. Vendi grande
parte de minhas roupas para que pudesse comer e ter um lugar para dormir, mas