Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
podem entrar. Meus filhos encontram-se com o bom rei. Não há ninguém para
proteger minha velha esposa. Meus bens, eles irão pilhar tudo. Meus alimentos, eles
não deixarão nada. Nós somos velhos, muito velhos para defender a nós mesmos,
muito velhos para nos tornarmos escravos. Passaremos fome. Morreremos. Diga-me
que eles não podem entrar.
— Procure ficar calmo, bom comerciante — respondeu o guarda. — As
muralhas da Babilónia são fortes. Volte para casa e diga a sua mulher que as
muralhas protegerão vocês e seus bens de modo tão seguro quanto protegem os
ricos tesouros do rei. Fique perto das muralhas para que as flechas inimigas não o
alcancem.
Uma mulher com uma criança no colo tomou o lugar do velho comerciante quando
este se retirou.
— Soldado, o que pode ver daí do alto? Conte-me a verdade, para que eu possa
tranqüilizar meu pobre marido. Ele está de cama, com febre, devido aos terríveis
ferimentos que recebeu, mas insiste em conservar a armadura e a lança para protegerme,
pois estou esperando um filho. Ele diz que o desejo de vingança de nossos
inimigos será terrível, se eles conseguirem vencer a muralha.
— Pois que se alegre o seu coração, você, que já é mãe e que voltará a sê-lo, as
muralhas da Babilónia protegerão vocês e suas crianças. Elas são altas e fortes.
Não está ouvindo os gritos de nossos valentes defensores quando esvaziam os
caldeirões de óleo fervente sobre os escaladores?
— Sim, estou ouvindo, mas ouço igualmente o troar dos aríetes que forçam
nossos portões.
— Volte para junto de seu marido. Diga-lhe que os portões são fortes e
resistirão aos aríetes. Diga-lhe também que os inimigos estão escalando, sim, as
muralhas, mas para receberem o golpe certeiro das lanças. Vamos, tome o seu
caminho e vá para os prédios mais afastados.
Banzar afastou-se um pouco para dar passagem a reforços pesadamente
armados. Quando, com o tinido dos escudos de bronze e o passo firme, eles o
ultrapassaram, uma menina puxou-o pelo cinto.
— Diga-me, soldado, estamos seguros? — perguntou ela. — Ouvi sons terríveis.
Vejo homens sangrando. Estou apavorada. O que será de nossa família, de minha
mãe, do meu irmãozinho e do bebê?
O velho combatente piscou os olhos e empurrou para a frente o queixo,
enquanto levantava a criança.
— Não tenha medo, garotinha — disse ele, tranqüilizando-a. — As muralhas da
Babilónia protegerão você, sua mãe, seu irmãozinho e o bebê. Foi para dar