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cidade, trazidas por mercadores vindo do leste, roupas tão refinadas que eu e
minha boa esposa logo pensamos em comprar. Se tivesse de destinar um décimo de
todos os meus ganhos para o tal investimento, seria obrigado a privar-nos desse e de
outros prazeres tão desejados. Demorei a tomar uma decisão, até que ficou tarde
demais. Tempos depois acabei me arrependendo. O empreendimento revelou-se
mais vantajoso do que qualquer um dos participantes podia prever. Essaé minha
história, mostrando como permiti que a boa sorte escapasse."
— Nessa história vemos como a boa sorte costuma procurar o homem que acredita
nas oportunidades — comentou um homem moreno do deserto. — Para construir
uma sólida posição é sempre necessário um começo. Esse começo podem ser
algumas moedas de ouro ou de prata que um homem separa dos próprios
ganhos para o seu primeiro investimento. Eu, por exemplo, sou proprietário de
muitas cabeças de gado. Tudo começou, quando ainda não passava de um
rapazinho, com a compra de um bezerro por uma moeda de prata. Sendo o início de
minha riqueza, isso teve uma grande importância para mim.
"Dar o primeiro passo para construir uma sólida posição é uma boa sorte que
pode acontecer a qualquer homem. O primeiro degrau, transformando os cidadãos
que ganham por seus próprios esforços em homens que começam a ter lucros pelo
bom emprego de seu dinheiro, é sempre importante. Alguns, afortunadamente,
fazem isso quando jovens e deixam para trás, em termos de sucesso financeiro, aqueles
que só o fizeram muito tarde ou aqueles que infelizmente, como o pai do mercador que
acabamos de ouvir, nunca o fizeram.
"Tivesse nosso amigo, o mercador, seguido esse rumo em sua juventude, quando a
oportunidade se lhe apresentou, hoje estaria cumulado de muitos bens do mundo.
Se a boa sorte de nosso amigo tecelão o incentivar a subir um degrau como esse por
sua vez, ele não será mais que o começo de uma fortuna muito maior."
— Obrigado! Gostaria de falar também. — Um homem de outro país levantou-se.
— Sou sírio. Não falo bem o idioma de vocês. Quero chamar esse amigo, o
mercador, por um nome, embora vocês possam achar que não se trata de um termo
polido. Mas acho que é o único que ele merece. Só que não conheço a palavra certa
aqui na Babilónia. Se usar o meu próprio idioma, vocês não entenderão. Por isso, por
favor, cavalheiros, digam-me o nome correto para todo aquele que costuma deixar para
depois coisas que podem ser boas para ele.
— Procrastinador — gritou uma voz.
— É isso! — berrou o sírio, agitando muito as mãos —, ele despreza as
oportunidades quando elas aparecem. Prefere esperar. Ele diz: no momento já estou
com muito bons negócios, daqui a pouco a gente vê isso. As oportunidades não