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O Homem Mais Rico da Babilônia - George S. Clason

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enterrar o passado e viver no presente? E então viu, como numa imagem, o rosto

sorridente de Arad Gula. A barreira entre ele mesmo e o cínico jovem a seu lado

dissolveu-se.

Mas como podia ajudar um jovem enfatuado como este, com suas idéias de

perdulário e as mãos cheias de jóias? Podia oferecer trabalho à vontade para

homens com boa disposição, mas não para aqueles que se presumiam superiores

demais para exercerem um determinado ofício. Entretanto, devia a Arad Gula a

obrigação de fazer realmente alguma coisa, não uma tentativa sem entusiasmo.

Ele e Arad Gula nunca tinham agido desse modo, não eram dessa espécie de

homens.

De repente veio-lhe à cabeça um plano. Havia objeções. Tinha que levar em

conta sua própria família e sua posição. Seria uma coisa cruel e agressiva. Homem

de decisões rápidas, pôs de lado as objeções e resolveu agir.

— Estaria interessado em saber como seu conceituado avô e eu mesmo

formamos uma sociedade que se mostrou bastante lucrativa? — perguntou ele.

— Por que não me conta só como conseguiu os dourados siclos? É tudo que

preciso saber — aparou o jovem. Sharru Nada ignorou a resposta e continuou:

— Vamos começar por esses homens que vimos trabalhando a terra. Eu podia

ter então a sua idade. Quando a coluna em que me encontrava se aproximou, o

velho e bom Megiddo, o fazendeiro, zombou da maneira desajeitada com que eles

usavam os instrumentos. Megiddo estava acorrentado junto a mim. "Olhe para

esses companheiros preguiçosos", protestou ele. "O que maneja o arado não faz o

menor esforço para abrir sulcos profundos, nem os batedores conseguem manter os

bois na linha certa. Como podem esperar uma boa colheita arando de tal forma?"

— Disse que Megiddo estava acorrentado a você? — perguntou Hadan Gula,

surpreso.

— Sim, com argolas de bronze em volta do pescoço e um pedaço de pesada

corrente entre nós. A seu lado achava-se Zabado, o ladrão de ovelhas. Tinha-o

conhecido em Harroun. No final, vinha um homem a quem chamávamos de

Pirata, pois não nos dissera seu nome. Pensamos tratar-se de um marujo, porque

trazia no peito uma tatuagem de serpentes entrelaçadas à moda do mar. A coluna

era assim constituída para que os homens andassem de quatro em quatro.

— Você estava acorrentado como um escravo? — perguntou Hadan Gula, sem

acreditar.

— Seu avô não lhe contou que eu já fui um escravo?

— Ele sempre falou sobre você, mas nunca insinuou nada a esse respeito.

— Ele era um homem a quem se podia confiar os mais íntimos segredos. Creio

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