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O Homem Mais Rico da Babilônia - George S. Clason

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Megiddo na rua. Ele conduzia ao mercado três burros carregados de verduras.

'Eu estou indo muito bem', disse ele. 'Meu amo aprecia tanto o meu bom trabalho

que agora sou capataz. Como vê, ele me confia os negócios no mercado e inclusive

mandou buscar minha família. O trabalho está me ajudando a recuperar-me dos

meus grandes problemas. Algum dia me ajudará a comprar minha liberdade e ter

de volta minha fazenda.'

"O tempo foi passando, e Nana-naid tornou-se cada vez mais ansioso pelo meu

retorno após a venda dos bolinhos. Ele ficava me esperando e avidamente

contava e dividia nosso dinheiro. Chegou a instar comigo para que visitasse

praças mais distantes e aumentasse as vendas.

"Frequentemente, eu ia além dos portões da cidade para atender os inspetores

dos escravos que construíam as muralhas. Eu odiava aquelas desagradáveis

visões, mas achei entre os inspetores fregueses liberais. Um dia fiquei surpreso ao

ver Zabado esperando numa fila para encher o cesto com tijolos. Ele estava pálido

e alquebrado, as costas cobertas de chagas e lanhaduras devido ao chicote dos

inspetores. Tive pena dele e estendi-lhe um bolinho que ele devorou

imediatamente como um animal faminto. Percebendo seu olhar guloso, corri

antes que me arrebatasse a bandeja.

" 'Por que trabalha tão arduamente?', perguntou-me um dia Arad Gula.

Quase a mesma pergunta que você me fez hoje, lembra-se? Contei-lhe o que

Megiddo dissera sobre o trabalhoe como este estava provando ser meu melhor

amigo. Mostrei-lhe com orgulho meu alforje repleto de moedas, acrescentando que

economizava a fim de comprar minha liberdade.

" 'Quando estiver livre, o que fará?', quis saber seu avô.

" 'Bem', respondi, 'tenciono tornar-me comerciante.'

"Foi aí que ele me confidenciou uma coisa de que eu nunca tinha suspeitado.

'Aposto que não sabe que sou também um escravo. Formei uma sociedade com o

meu amo.' "

— Alto lá! — interveio Hadan Gula. — Não ouvirei mentiras que ultrajem meu

avô. Ele não foi escravo. — Seus olhos faiscavam de raiva.

Sharru Nada manteve-se calmo.

— Respeito seu avô por ter superado o infortúnio, tornando-se um cidadão

proeminente em Damasco. Acha que você, seu neto, é feito do mesmo molde? É

homem suficiente para encarar a verdade ou prefere viver alimentando falsas

ilusões?

Hadan Gula endireitou-se na sela. Numa voz sufocada por profunda emoção,

replicou:

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