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O Homem Mais Rico da Babilônia - George S. Clason

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conjeturar sobre quantos séculos antes essas cidades existiram. Seus habitantes

não eram meros bárbaros vivendo dentro de suas muralhas protetoras. Eram um

povo culto e educado. Até aonde pelo menos a história escrita pode chegar, eles

foram os primeiros engenheiros, os primeiros astrônomos, os primeiros

matemáticos, os primeiros financistas e o primeiro povo a ter uma linguagem

escrita.

Já fizemos menção aos sistemas de irrigação que transformaram o vale árido num

paraíso agrícola. O que restou desses canais pode ainda ser acompanhado,

embora quase todos estejam completamente cobertos pela areia acumulada.

Alguns eram tão grandes que, quando sem água, uma dúzia de cavalos poderia

correr lado a lado sobre o seu leito. Em tamanho, não ficam nada a dever aos maiores

canais do Colorado e de Utah.

Além de irrigarem as terras do vale, os engenheiros babilônicos realizaram um outro

projeto de similar magnitude. Por meio de um sofisticado sistema de drenagem,

recuperaram para o cultivo uma imensa área pantanosa na foz dos rios Tigre e

Eufrates.

Heródoto, viajante e historiador grego, visitou a Babilónia em pleno apogeu da

cidade e deu-nos a única descrição que conhecemos feita por um estrangeiro. Seus

escritos fornecem um panorama gráfico da cidade e mencionam alguns dos

extraordinários costumes de seu povo, além dos comentários sobre a notável fertilidade

do solo e as abundantes colheitas de trigo e cevada.

A glória da Babilónia desapareceu, mas sua sabedoria foi preservada para nós.

Para isso, estamos em dívida com sua forma de registros. Naqueles distantes dias, o

uso do papel ainda não tinha sido inventado. Em seu lugar, os babilônios gravavam

laboriosamente seus escritos sobre tabuinhas de argila úmida. Em seguida, eram

cozidas e tornavam-se uma telha dura. Mediam em geral cerca de seis por oito e

uma polegada de espessura.

Essas tabuinhas de argila, como eram comumente chamadas, tinham um uso tão

disseminado quanto o têm hoje nossas modernas formas de escrita. Os habitantes

gravavam sobre as tabuinhas lendas, poesia, história, transcrições dos decretos reais,

as leis da terra, títulos de propriedade, notas promissórias e até cartas que

mensageiros levavam a cidades distantes. Através delas, temos condições de

reconstituir diversos aspectos da vida íntima e pessoal do povo. Uma tabuinha, por

exemplo, evidentemente saída de um armazém, registra que na data assinalada um

determinado cliente trouxe ao comerciante uma vaca, trocando-a por sete sacas de

trigo, três entregues na hora, e as quatro restantes, reservadas para quando o

cliente quisesse apanhá-las.

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