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um fazendeiro. Eu compro os tapetes de sua mulher. Os gafanhotos arrasaram-lhes
a plantação, e eles ficaram sem comida. Ajudei o fazendeiro, e, quando houve a nova
colheita, ele me pagou. Mais tarde ele voltou e me falou de estranhas cabras numa
distante terra, tal como as tinha descrito um viajante. Animais com pêlos tão
finos e macios que deles se podiam fazer tapetes mais belos que quaisquer outros
já vistos na Babilônia. Queria trazer um rebanho, mas não tinha dinheiro. Assim,
emprestei-lhe dinheiro para a viagem e para comprar as cabras. Agora sua criação
já começou, e no próximo ano surpreenderei os nobres da Babilónia cornos mais
caros tapetes que sua grande fortuna pode comprar. Em breve estarei devolvendo seu
anel. Ele insiste em me pagar imediatamente."
— Alguns clientes fazem isso? — perguntou Rodan.
— Se pedem para propósitos que lhes tragam de volta o dinheiro, sim; mas, se
pedem por causa de suas imprudências, é preciso ter cuidado, pois você pode acabar
ficando sem o seu dinheiro.
— Fale-me sobre isto — solicitou Rodan, retirando da caixa um bracelete de ouro
incrustado com jóias de raro desenho.
— As mulheres agradam ao meu bom amigo — caçoou Mathon.
—Ainda sou muito mais jovem que você — retorquiu Rodan.
— Concordo, mas desta vez você está supondo uma história de amor onde ela
não existe. A dona deste penhor é gorda, enrugada, e tagarela o tempo todo,
quase me levando à loucura. Houve um tempo em que ela e o marido tinham
dinheiro e eram bons clientes, mas as coisas começaram a dar errado para o lado
deles. Ela tem um filho a quem gostaria de tornar um comerciante. Assim, me
procurou e pediu-me dinheiro emprestado para que o filho pudesse entrar como
sócio do líder de uma caravana que viajava com seus camelos, negociando numa
determinada cidade o que compravam em outra.
"Esse homem revelou-se um tratante, pois deixou o pobre do rapaz perdido
numa cidade longínqua, sem dinheiro nem amigos, dando o fora enquanto ele
dormia. Talvez ele me pague quando for adulto; até lá não tenho rendimento
algum sobre o empréstimo — só muita conversa. Mas devo admitir que as jóias
valem mais que a dívida."
— Ela pediu seu conselho quanto à sensatez do empréstimo?
— Muito pelo contrário. Ela mesma imaginou o filho como um rico e poderoso
homem da Babilónia. Sugerir outra coisa teria deixado a mulher enfurecida.
Tentei com habilidade dissuadi-la. Eu sabia dos riscos que esse jovem inexperiente
estava correndo, mas, como ela estava oferecendo um penhor, não pude recusar.