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O Homem Mais Rico da Babilônia - George S. Clason

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O negociante de camelos da

Babilônia

QUANTO MAIOR A FOME, mais a mente se mostra aguçada — do mesmo modo que

se fica muito mais sensível ao cheiro do alimento.

Tarkad, o filho de Azure, certamente pensava assim. Não tinha comido nada

havia dois dias inteiros, se não fizermos conta dos dois pequenos figos furtados do

alto do muro de um jardim. Só não pegou mais, porque uma mulher muito zangada

precipitou-se na sua direção, pondo-o para correr rua abaixo. Seus gritos terríveis

ainda ecoavam nos ouvidos dele quando já atravessava a praça do mercado e o

ajudaram inclusive a manter os dedos nervosos longe das tentadoras frutas que

as vendedoras expunham em suas barracas.

Nunca tinha reparado antes em quanta comida era trazida para os mercados

da Babilónia e como cheiravam bem. Deixando o local, rumou para uma

hospedaria e ficou zanzando na frente da casa de pasto. Quem sabe não

encontraria por ali algum conhecido; alguém de quem pudesse arrancar como

empréstimo uma moeda de cobre, que ganharia para ele um sorriso do inamistoso

dono da pousada e, com isso, um atendimento simpático. Sem dinheiro, tinha

certeza de que o receberiam muito mal.

Em sua abstração viu-se inesperadamente cara a cara com o homem que mais

gostaria de evitar, a alta e angulosa figura de Dabasir, o negociante de camelos.

De todos os amigos e tantos outros a quem pedira emprestado pequenas somas,

Dabasir fazia-o sentir-se desconfortável, porque Tarkad não havia cumprido a

promessa de saldar o mais rápido possível uma antiga dívida.

O rosto de Dabasir iluminou-se ao avistar o outro.

— Ora, ora, aqui temos Tarkad, justamente aquele que venho procurando

para cobrar as duas moedas de cobre que lhe emprestei faz um mês; além da

moeda de prata relativa a um primeiro empréstimo. Que belo encontro! Poderei

fazer um bom uso dessas moedas ainda hoje. E então, jovem, o que me diz?

Tarkad gaguejou, ficando vermelho. Faminto, achava-se sem energia para

discutir com o descarado Dabasir.

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