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Outra lua cheia. Trabalhei arduamente, com a cabeça em paz. Minha boa
esposa tem me apoiado na intenção de pagar a meus credores. Devido a nossa
sábia determinação, ganhei durante a última lua, comprando camelos de bom
fôlego e boas pernas para Nebatur, a soma de 19 moedas de prata.
Dividi-a de acordo com meu plano. Separei um décimo para guardar, dividi
sete décimos com a esposa para o nosso sustento. Dois décimos, uniformemente
divididos em moedas de cobre, foram destinados a meus credores.
Não estive com Ahmar, mas deixei a parte dele com sua esposa. Birejik ficou tão
satisfeito que quis beijar minha mão. Só o velho Alkahad continuava rabugento e
disse que eu devia pagar mais rápido. Repliquei-lhe que eu só teria condições de
pagar mais rápido se deixasse de me preocupar com o sustento da casa e de
minha esposa. Todos os demais me agradeceram e elogiaram meus esforços.
Por isso, ao final de uma lua, meu endividamento foi reduzido a quase quatro
moedas de prata, e já tenho quase duas moedas de prata guardadas que ninguém
pode reivindicar. Meu coração se acha mais leve, coisa que há muito não
experimentava.
De novo o plenilúnio. Trabalhei duro, mas com pouco sucesso. Vendi apenas alguns
camelos. Meus ganhos não foram além de 11 moedas de prata. Entretanto, minha
boa esposa e eu continuamos fechados com o plano, ainda que não tenhamos
comprado roupa alguma, limitando-nos, inclusive, a uma alimentação frugal.
Ainda dessa vez separei para guardar um décimo das 11 moedas e sete décimos
para as despesas. Fiquei surpreso quando Ahmar louvou meu pagamento, ainda
que pequeno. Bijerik comportou-se do mesmo modo. Alkahad encolerizou-se, mas,
quando viu que podia ficar sem sua parcela se não a aceitasse, concordou comigo. Os
demais, como sempre, não fizeram quaisquer restrições.
Mais uma vez a lua cheia toma conta do céu, e me sinto extremamente feliz.
Topei com um magnífico rebanho de camelos e comprei alguns bem saudáveis, tendo
conseguido ganhar 42 moedas de prata. Esta lua minha esposa e eu compramos
sandálias e roupas, de que estávamos bem necessitados. Além disso, fizemos boas
ceias, acompanhadas inclusive de aves.
Paguei aos credores mais de oito moedas de prata. Dessa vez, nem Alkahad
protestou.
Grande é o plano, pois ele tem nos tirado do endividamento e propicia-nos a
possibilidade de guardar o que nos pertence de direito.
Já se passaram três luas cheias desde que fiz este último entalhe na argila. Em
cada uma delas paguei a mini mesmo um décimo de tudo quanto consegui com o meu
trabalho. E durante esse mesmo tempo minha boa esposa e eu vivemos sempre com