V I I I c o n p a v e tHemangiossarcoma cutâneo e esporotricose em felinodoméstico: Relato de casoRocha, R. F. D. B. 1* ; Gremião, I. D. F. 1 ; Pereira, S. A. 1 ; Pereira, A. V. 1 ; Leal,C. B. E. 1 ; Menezes, R. C. 1O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna que acomete o endotéliovascular, ocorrendo com maior frequência no fígado, baço, miocárdio, pulmõese tecido ósseo. É uma neoplasia pouco descrita em felinos. Apresentacausa desconhecida, porém a exposição à luz ultravioleta em locais despigmentadosou com rarefação pilosa foi relatada como um fator desencadeadordo tumor. Os hemangiossarcomas cutâneos geralmente são solitários eocorrem mais comumente na cabeça, nas orelhas, nos membros e nas regiõesinguinal e axilar. O aspecto lesional varia de placas ou nódulos mal circunscritos,com coloração avermelhada a azul-escuro. 1 A esporotricose causadapelo fungo Sporothrix schenckii afeta humanos e animais. A forma clínica nosfelinos varia de uma infecção subclínica, passando por lesão cutânea única,até formas disseminadas acompanhadas ou não de sinais extracutâneos comprognóstico grave. As lesões mais frequentes são nódulos, gomas e úlceras 2 .O diagnóstico diferencial da esporotricose felina inclui infecções bacterianas,outras infecções fúngicas, neoplasias, doenças imunomediadas e alérgicas. 3 Aesporotricose é uma zoonose que pode ser transmitida através de arranhaduras,mordeduras ou contatos com exsudato de lesões de gatos infectados 4 . Umgato procedente do Rio de Janeiro, com suspeita clínica de esporotricose, foiatendido no Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em AnimaisDomésticos – IPEC/FIOCRUZ. O paciente era macho, inteiro, sem raçadefinida, 3 anos, 3,4 kg e em bom estado geral. Ao exame clínico, foram observadaslesões ulceradas recobertas por crostas na face e plano nasal, nódulosnas orelhas e uma tumoração no pé esquerdo. Procedeu-se com a coleta deexsudato da lesão no plano nasal para exame citopatológico e cultura micológica.No exame citopatológico, foram visualizadas leveduras sugestivas de S.schenckii, sendo o diagnóstico definitivo de esporotricose confirmado atravésdo isolamento do fungo. Foi prescrito itraconazol 100 mg/SID via oral e, apóscinco meses de tratamento, permanecia a tumoração no pé, sendo realizada abiópsia para histopatologia, que confirmou o hemangiossarcoma. O gato recebeualta sete meses após o início da terapia antifúngica e foi encaminhado paraavaliação cirúrgica. A semelhança do aspecto clínico das lesões pode conduziro médico veterinário a um diagnóstico errôneo. Portanto, este relato confirmaa importância do diagnóstico diferencial dessas dermatopatias, objetivandouma conduta terapêutica adequada desse paciente.* rocha.raphael@gmail.com1 Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas – Fundação Oswaldo Cruz, RJ – Av. Brasil 4.365,Manguinhos – Rio de Janeiro (RJ). CEP 21040-900Referências bibliográficas:1. ETTINGER, S. J. ; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – Doençasdo Cão e do Gato. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 556, 2004.2. SCHUBACH, T. M.; SCHUBACH, A.; OKAMOTO, T. et al. Evaluation of an epidemicof sporotrichosis in cats: 347 cases (1998-2001) Journal of the American VeterinaryMedical Association, 224(10): 1623-1629, 2004.3. SOUZA, E. W.; SILVA, D. A.; KITADA, A. A. B. Ocorrência de dermatopatias em gatoscom suspeita clínica de esporotricose atendidos no Ipec/Fiocruz – RJ 2004-2007. Anaisdo Congresso Brasileiro da Anclivepa, 2010.4. BARROS, M. B.; SCHUBACH, T. M.; GUTIERREZ GALHARDO, M. C. et al. Sporotrichosis:an emergent zoonosis in Rio de Janeiro. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 96(6):777-779, 2001.Importância da imunorreatividade semelhante à tripsinasérica (IST) no diagnóstico definitivo da insuficiênciapancreática exócrina: Relato de casoMatilde, K. S. 1* ; Gali, N. M. 2 ; Romão, F. G. 3 ; Machado, L. H. A. 4 ;Lourenço, M. L. G. 4Introdução: A insuficiência pancreática exócrina (IPE) ocorre quandohá perda progressiva do tecido acinar a partir de uma atrofia ou destruição inflamatória,resultando em secreção insuficiente das enzimas digestivas e sinaisclínicos de má absorção. A causa mais comum de IPE no cão é a atrofia acinarpancreática (AAP) 1 . Uma das raças mais acometidas é o pastor alemão, no quala predisposição à AAP pode ser herdada como uma característica recessiva autossômica1.A pancreatite crônica, levando à destruição progressiva de tecidopancreático, parece ser incomum nos cães 2 . Os sinais clínicos incluem perdade peso com polifagia ou apetite normal, aumento do volume fecal, além deepisódios contínuos ou intermitentes de fezes amolecidas 2 .O diagnóstico de IPE é realizado com base no histórico e exame físicocompatíveis, pela exclusão de causas infecciosas, parasitárias, metabólicas eanatômicas de diarreia do intestino delgado e pela imunorreatividade semelhanteà tripsina sérica (IST) 3 .Em humanos, o teste mais útil para o diagnóstico de IPE é a análise in vitrode fluido pancreático diretamente do duodeno após estimulação com secretinae colecistoquinina. Essa técnica foi tentada em cães sem sucesso, pois nãohouve fluido pancreático suficiente para análise. Na veterinária, a detecção dealimento não digerido nas fezes, aferição da atividade enzimática proteolíticafecal e absorção de gordura pelo trato digestório são métodos utilizados parao diagnóstico. Porém, o resultado desses testes não é confiável 4, 5 .A concentração sérica aferida pela IST tornou-se o método mais fidedignopara o diagnóstico de IPE, embora pouco realizado por grande parte dos clínicos 6 .O tripsinogênio é sintetizado e armazenado somente nas células acinares pancreáticas,sendo diariamente liberado na circulação sanguínea. Em razão disso, é umaenzima pancreática específica e um excelente marcador da função pancreática 3, 5, 7, 8 .A concentração de proteína oferecida na dieta no momento da colheita deamostra pode influenciar positivamente no resultado (maiores ou menores conteúdosproteicos aumentam ou diminuem os valores de IST, respectivamente).Apesar da relação entre as concentrações proteicas da dieta e da IST sérica, cãescom função pancreática normal alimentados com dieta rigorosamente restritaem proteína apresentam valores de IST dentro dos parâmetros de referência.Como não há absorção apreciável de proteases pancreáticas do intestino, a ISTsérica pode ser determinada de forma precisa, mesmo que a suplementação comenzima pancreática já tenha sido iniciada. Desse modo, o teste da IST é consideradoo mais específico e sensível para o diagnóstico de IPE 3, 4, 5, 7 .A reposição enzimática é o tratamento mais indicado, geralmente sendoadministrada por tempo indeterminado. A resposta à terapia é obtida normalmentedurante as primeiras semanas de tratamento, com ganho de peso e fimdos episódios de diarreia. Embora alguns animais apresentem quadros de recidivados sinais clínicos, nenhuma condição de deterioração permanente é vistaem animais tratados, tornando o prognóstico favorável 8, 9, 10 . Uma dieta altamentedigerível, com baixos teores de fibra e gordura, antibioticoterapia e suplementaçãocom vitamina B12 são geralmente necessárias e importantes no controleda IPE 1, 8, 9, 10, 11 . Objetivo: O objetivo do presente relato foi descrever um casoclínico de insuficiência pancreática exócrina, salientando a importância da realizaçãoda imunorreatividade semelhante à tripsina sérica para a confirmação dodiagnóstico. Relato de Caso: Um cão sem raça definida, macho, com umano e seis meses de idade foi atendido pelo Serviço de Clínica Médica de PequenosAnimais da FMVZ-Unesp, Campus de Botucatu, apresentando queixa deemagrecimento progressivo, polifagia e fezes pastosas (Figuras 1 e 2).Durante o atendimento, foram observados apatia, desidratação de 5%,38 mv&z c r m v s p . g o v . b r
V I I I c o n p a v e tFigura 1. Cão sem raça definida,de um ano e seis mesesde idade, com caquexiaFigura 2. Fezes pastosas, esteatorreicas, com presença de alimento não digeridoFigura 3. Teste de desafiocom triglicérides. Tubo (0)jejum, soro translúcido; tubo(1) após três horas da administraçãode 3 mL/kg de óleode milho, soro ainda translúcido;tubo (2) três horas apósa administração de óleo demilho acrescida de pancreatina,soro lipêmicoFigura 4. Animal, após três meses de tratamento, com escore corporal adequadomucosas pálidas, estado caquético e apetite voraz. O bolo fecal encontrava-seextremamente aumentado e as fezes estavam esteatorreicas, pastosas e compresença de alimento não digerido. O exame coproparasitológico indicou presençade ovos de ancilostomídeo em baixo grau. No hemograma de rotina,foi identificada leve anemia normocítica normocrômica e hematócrito 35%.A triagem diagnóstica foi realizada com os seguintes testes: desafio com triglicéridese avaliação da atividade proteolítica fecal. Para o teste de desafio comtriglicérides, coletou-se uma amostra de soro do animal em jejum de 12 horas.Uma segunda amostra foi colhida três horas após a administração de 3 mL/kg deóleo de milho e uma terceira, após a mesma quantidade de óleo acrescida de enzimapancreática em pó. Nesse teste, observamos que não houve diferença quantoà lipemia do soro da primeira para a segunda amostra, enquanto a terceira já seapresentava lipêmica (Figura 3). Na avaliação da atividade proteolítica fecal, nãofoi observada a digestão do filme radiográfico, determinando ausência de amilase,lipase e tripsina fecais, compatível com insuficiência pancreática exócrina 3, 4, 5, 7 .Com base nos resultados prévios, realizou-se a dosagem de IST, sendo encontradovalor abaixo (0,28 mg/mL) dos limites de referência descritos para aespécie (5-25 mg/mL). Mediante a confirmação diagnóstica, a terapia instituídanesse caso foi omeprazol (20 mg/kg a cada 24 horas por uso contínuo) e pancreatinaem pó (duas colheres de sopa com as refeições a cada oito horas poruso contínuo). Foram prescritos também antiparasitário (pirantel, febantel epraziquantel) e metronidazol (10 mg/kg a cada 12 horas por 14 dias).Após o início do tratamento, logo na primeira semana, o paciente apresentouas fezes mais consistentes, de coloração marrom, sem grãos inteiros de alimento erecuperou cerca de um quilo de peso. Após mais uma semana, a digestão do filmeradiográfico estava presente. Com um mês, o animal apresentou ganho total detrês quilos e ao final de três meses, 11 quilos, restabelecendo seu peso normal eescore corporal adequado, demonstrando a efetividade do tratamento (Figura 4).Discussão: No presente caso, o cão atendido, apesar de não ter raça definida,apresentava características compatíveis com a raça pastor alemão, conferindo apredisposição relatada por alguns autores, assim como os sinais clínicos. 1, 2Segundo Ruaux 7 , para o diagnóstico de IPE, deve-se excluir outras causasde má absorção, como parasitismo crônico e doença intestinal inflamatória.O exame coproparasitológico demonstrou presença de parasitas intestinais,sendo instituído o tratamento adequado.Embora sugestivos, apenas o exame físico e os achados laboratoriais nãoestabelecem o diagnóstico definitivo. Os ensaios para atividade proteolítica fecale testes de absorção de gordura podem ser usados como exames auxiliares,mas são inespecíficos e pouco sensíveis, pois variam ao longo do dia e são influenciadospela dieta, podendo haver resultados falso-positivos ou negativos 6 .Ao contrário dos demais testes disponíveis, a imunorreatividade semelhanteà tripsina sérica (IST) constitui o teste de escolha para confirmação de IPE 1, 3, 6, 10 .A realização desse teste permitiu o diagnóstico definitivo e a instituição do tratamentoadequado. O resultado do IST, juntamente com a resposta ao tratamentoprescrito, descartou a possibilidade de doença inflamatória crônica associada.A reposição enzimática geralmente é realizada por toda a vida do animalcom essa afecção. A resposta à terapia é obtida normalmente durante as primeirassemanas de tratamento, com ganho de peso e fim dos episódios dediarreia. O que se comprovou nesse caso, visto que o animal obteve ganho depeso significativo nas semanas iniciais de tratamento.Embora alguns animais apresentem quadros de recidiva dos sinais clínicos,nenhuma condição de deterioração permanente é vista em animais tratados,tornando favorável o prognóstico 6, 8, 9 . Conclusão:Os achados clínicos descritosforam compatíveis com IPE. Embora essa afecção pancreática seja frequentena prática clínica veterinária, grande parte dos diagnósticos é realizada somentecom base nos testes de triagem, conforme descrito por alguns autores 1, 2, 3, 4, 5 . Adosagem de IST é o teste mais sensível e importante para o diagnóstico, sendo defácil acesso e pouco oneroso ao proprietário. Apesar de essa enfermidade não tercura, a terapia continuada garante qualidade de vida ao animal.*ksm_vet@hotmail.com1 Residente do Departamento de Clínica Veterinária da FMVZ-Unesp, Botucatu2 Residente do Departamento de Clínica Veterinária da FMVZ-Unesp, Botucatu3 Mestrando do Departamento de Clínica Veterinária da FMVZ-Unesp, Botucatu4 Professor Assistente do Departamento de Clínica Veterinária da FMVZ-Unesp, Botucatuc r m v s p . g o v . b rmv&z39
- Page 1 and 2: mv&zREVISTA DE EDUCAÇÃOCONTINUADA
- Page 3 and 4: E X L I B R I SC R M V - S Pc r m v
- Page 5 and 6: E D I T O R I A LColegas,Fale conos
- Page 7 and 8: Giorgina Graciela Rosolem São Germ
- Page 9 and 10: p e q u e n o s a n i m a i sResult
- Page 11 and 12: p e q u e n o s a n i m a i sárea.
- Page 13 and 14: Ana Júlia Silva e Alves 1Karina de
- Page 15 and 16: g r a n d e s a n i m a i stambém
- Page 17 and 18: g r a n d e s a n i m a i s3 - 10,1
- Page 19 and 20: Antonio José Porto1 Caixa Postal 1
- Page 21 and 22: z o o t e c n i acortado no sentido
- Page 23 and 24: z o o t e c n i aem relação às f
- Page 25 and 26: V I I I c o n p a v e tAnalgesia p
- Page 27 and 28: V I I I c o n p a v e tresultados m
- Page 29 and 30: V I I I c o n p a v e tépoca do an
- Page 31 and 32: V I I I c o n p a v e tprotozoário
- Page 33 and 34: V I I I c o n p a v e tem região i
- Page 35 and 36: V I I I c o n p a v e tpromoverá d
- Page 37: V I I I c o n p a v e tcongênitas
- Page 41 and 42: V I I I c o n p a v e traras, deve-
- Page 43 and 44: V I I I c o n p a v e tpresença de
- Page 45 and 46: V I I I c o n p a v e tmeses, 125 c
- Page 47 and 48: V I I I c o n p a v e tCirurgia e C
- Page 49: V I I I c o n p a v e tReferências
- Page 52 and 53: V I I I c o n p a v e themorragia,
- Page 54 and 55: I S E M I N Á R I OCALIL, R. M. O
- Page 56 and 57: I S E M I N Á R I OAs questões re
- Page 58 and 59: I S E M I N Á R I OCÔRTES, J. A.
- Page 60 and 61: I S E M I N Á R I Onormas zoossani
- Page 62 and 63: I S E M I N Á R I OMemorial descri
- Page 64 and 65: I S E M I N Á R I Oinespecíficas
- Page 66 and 67: I S E M I N Á R I OGERMANO, P. M.
- Page 68 and 69: I S E M I N Á R I ODe caráter emi
- Page 70 and 71: I S E M I N Á R I OBIRGEL, E. H. O
- Page 72 and 73: I S E M I N Á R I OAo rememorar as
- Page 74 and 75: I S E M I N Á R I OCurso especial
- Page 76 and 77: I S E M I N Á R I ODomésticos (2
- Page 78 and 79: I S E M I N Á R I O• Patologia e
- Page 80 and 81: I S E M I N Á R I ODEVELEY, A. J.
- Page 82 and 83: I S E M I N Á R I Od) a padroniza
- Page 84 and 85: I S E M I N Á R I Osociedade), per
- Page 86 and 87: I S E M I N Á R I OPROCEDIMENTOS D
- Page 88 and 89:
I S E M I N Á R I OPILATI, O. Os c
- Page 90 and 91:
I S E M I N Á R I OGráfico 1 - Ev
- Page 92 and 93:
I S E M I N Á R I OFaculdades Inte
- Page 94 and 95:
I S E M I N Á R I OOutro aspecto a
- Page 96 and 97:
I S E M I N Á R I Ovagasoferecidas
- Page 98 and 99:
I S E M I N Á R I Ototal federal e
- Page 100:
I S E M I N Á R I OBiblioteca Virt