I S E M I N Á R I OAs questões relativas à qualidade dos produtos, aliadas àpesquisa e ao desenvolvimento, são premissas para valorizaçãodo alimento, tanto nas cadeias produtivas quantono atendimento das necessidades do consumidor. Portanto,tecnologia representa investimento, relação custobenefício,produtividade e inovação.ImportânciaEm um país que é grande produtor de alimentos e omaior exportador de carne bovina e de frango para paísesexigentes do chamado “primeiro mundo”, era de seesperar que a sociedade brasileira desse valor ao trabalhodo médico veterinário como um ator importante na prevençãode doenças, considerando o cenário reinante noqual a precária atenção à saúde pública é predominante.Mas o que ocorre é que o desconhecimento é evidente.As pessoas não conhecem os serviços da Inspeçãoe, por conseguinte, suas atuações, resultando em baixasremunerações.Nas faculdades, as disciplinas são muitas vezes lecionadaspor médicos veterinários sem a devida vivência econhecimento prático, proporcionando pouca motivaçãoaos alunos para a escolha dessas áreas de atuação.Não raras vezes, as cargas horárias de TPOA e HI-POA, ou mesmo as duas, são prejudicadas com menoshoras, e o que é pior: são fundidas em uma única. Comisso, a confusão do conteúdo fica evidente e demonstra opouco interesse destas instituições em formar profissionaispara essas atividades.Chama atenção o desconhecimento que muitos colegasdemonstram ao emitirem opiniões ou simplesmentese silenciarem quando o assunto é segurança ou tecnologiana produção de alimentos, fato que vem contribuindopara que a população não receba informações sobre a importânciado médico veterinário, além do atendimentode cães e gatos.O futuro do País aponta para uma demanda substancialde profissionais para o setor alimentício, pois ogrande desafio será aumentar a produtividade, assegurandoqualidade, rastreabilidade e sustentabilidade aliadasa preços competitivos. A Medicina Veterinária nãopode omitir-se dessa realidade.SociedadeTalvez por ignorar a existência dos Serviços de Inspeçãoe sua importância para uma vida saudável, a populaçãopermite que a clandestinidade reine soberana emmuitos rincões do território nacional.Evidentemente, essa chaga aberta e malcheirosaexiste pela conivência de prefeitos, secretários da saúde,promotores e autoridades policiais que teimam em nãoobedecer à farta legislação existente, que determina a inibiçãoe interdição de atividades nocivas à saúde pública,deixando que a distribuição de leite sem pasteurização,carne não inspecionada e outros produtos de origem animalsem inspeção cheguem ao consumidor.É incrível que prefeitos mantenham matadourosmunicipais sem a inspeção de um médico veterinário,afrontando leis federais, sem que sofram penalização, oupermitindo a distribuição de leite cru e de pescado semconservação adequada em mercados municipais, paracitar alguns exemplos.A clandestinidade tornou-se institucional e está impregnadana cultura da população a tal ponto que confundeprodutos artesanais com precários, aqueles cujacomposição e local de fabricação não se prestariam paraalimentação de animais.EnsinoPara contribuir nas mudanças necessárias à evoluçãodo País, é preciso preparar médicos veterinários qualificadostecnicamente e que conheçam a realidade em queirão atuar.A diminuição da carga horária no curso trouxe grandesmudanças na grade curricular, prejudicando, namaioria dos casos, tanto TPOA como HIPOA, resultandoem menor tempo para o aprendizado ou a fusãodas duas disciplinas.Outra questão relevante é a colocação das disciplinasno último ano ou penúltimo semestre, antes do estágioobrigatório, quando a maioria dos alunos já procurouuma direção na profissão.As atividades práticas, sejam por meio de visitas emindústrias e estabelecimentos comerciais ou pela criaçãode laboratórios para que os alunos possam fazer produtos56 mv&z c r m v s p . g o v . b r
I S E M I N Á R I O(linguiça, queijos), contribuem não só para a melhor compreensãodos aspectos teóricos, mas, sobretudo, para despertara curiosidade e estimular os alunos para atividadesrelacionadas à produção e segurança dos alimentos.É muito difícil despertar a atenção dos alunos, em suamaioria interessados em clínica de pequenos, com umdocente improvisado ou sem conhecimento teórico-práticonas disciplinas de aplicação, também chamadas deprofissionalizantes. Por isso, TPOA e HIPOA necessitamde professores com um mínimo de experiência de atuaçãona área. Cinco anos deveria ser o parâmetro referencialpara que pudessem ser responsáveis pelas disciplinas.Conhecer a importância de cada disciplina, seus objetivose mercado de trabalho são atributos fundamentaispara que os docentes consigam mostrar atrativos nessescampos de atuação.Uma correção que poderia ser feita é relacionar asdisciplinas básicas com aspectos introdutórios de HI-POA e TPOA, facilitando para o aluno a percepção daamplitude da atuação profissional futura.Chama a atenção a desconexão existente entre a formaçãoe o exercício profissional, uma vez que as instituiçõesprocuram tornar seus negócios rentáveis e, muitasvezes, deixam de lado a preocupação com a qualidade doserviço prestado, até porque não serão responsabilizadascaso o recém-egresso cause um dano a alguém em virtudeda má formação recebida.É como se uma indústria colocasse um produto nomercado sem garantia, sem o pós-venda, que atualmenterepresenta uma das maiores preocupações das empresascomprometidas com o mercado.Um profissional incompetente denigre a imagem daprofissão e causa, muitas vezes, danos irrecuperáveis aosclientes. Quem deve procurar corrigir as distorções sãoos conselhos de classe, que acabam arcando com todo oônus, tanto moral quanto financeiro, mantendo estruturasde fiscalização, câmaras éticas de exercício profissionale, apesar disso, não conseguem interferir no ensino,conjugando esforços para o bem comum.Uma nova visão para a medicina veterináriaOlhar para o futuro exige informação, sensibilidade eprofundo conhecimento da realidade. Assim, para projetarnovas bases que possam tornar a formação e o exercícioprofissional harmônicos, alguns pré-requisitos sãonecessários.O trabalho com alimentos nesses cem anos de existênciado ensino da Medicina Veterinária contemploubasicamente atividades do Serviço de Inspeção Federal,que se mantém até os dias atuais e só nos últimos vinteanos obteve crescimento considerável na contratação deprofissionais como responsáveis técnicos nas indústriasde carne, supermercados e nos serviços de vigilância sanitáriamunicipais.A leitura dessa situação mostra que os médicos veterináriosvêm efetivamente conquistando esse segmento domercado e poderão sedimentá-lo se continuarem trabalhandocom a qualidade necessária.É preciso desmistificar a ideia de que os médicos veterináriosestão perdendo a área de alimentos. Na verdade,ele pouco lá esteve por falta de interesse, panorama quevem felizmente sendo modificado com o crescimento dasoportunidades de emprego, podendo vir a ocupar espaçoslatentes e ainda não explorados nas indústrias de laticínios,pescado, mel e ovos.Divulgar a atividade por diferentes mídias, eventos ecampanhas de comunicação direcionadas é uma das providênciasque precisam ser tomadas para a conscientizaçãoda classe e da população, visando à valorização doSIF e de outros serviços de inspeção e vigilância sanitária.É preciso demonstrar quanto o País economiza em recursosfinanceiros, em vidas perdidas e internações hospitalarescom a retirada diária de toneladas de alimentosimpróprios para o consumo.Definir uma carga horária mínima para o conteúdoteórico e a parte prática, com a obrigatoriedade de a faculdadeoferecer as duas disciplinas isoladas, evitandoque sejam colocadas na grade no final do curso, poderárepresentar um avanço na direção do mercado.Para concluir, fica uma expressão que resume o quefoi dito sobre o tema proposto para este evento: o ensinopode e deve contribuir para a inserção do médico veterináriocomo parte das soluções necessárias para o desenvolvimentotécnico, econômico, político e social do País,preparando-o para enfrentar esses desafios.c r m v s p . g o v . b rmv&z57
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