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Ciencias humanas, sociales y económicas - Universidad de San ...

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Autonomia, saú<strong>de</strong> mental e subjetivida<strong>de</strong> no contexto assistencial brasileiro - pp. 21-33Nesse sentido, não é porque o SUS foi legalmenteinstituído, mediante propostas inovadoras, que eleseja politicamente executado em sua plenitu<strong>de</strong>.Concordando com Campos (2006), os diversosentraves políticos e a falta <strong>de</strong> amadurecimentoda socieda<strong>de</strong> civil contribuem bastante na falta<strong>de</strong> aperfeiçoamento e funcionamento regular dosistema. Seria como se a legislação do SUS fossemais generosa que o Brasil real.Nascimento (2009) aponta para os entraves políticos<strong>de</strong>sse processo, culminando numa situaçãoatual crítica que merece ser <strong>de</strong>batida. Segundoo autor, a partir das leis orgânicas da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>1990, que consolidaram a implementação do SUS,assistiu-se à excessiva centralização do po<strong>de</strong>r sobreas diretrizes para a saú<strong>de</strong> no âmbito do po<strong>de</strong>r Executivo,culminando na fragilização das propostas,na medida em que a política para assistência àsaú<strong>de</strong> ficou mais vulnerável às pressões dos gruposprivados com interesse nessa esfera, resultandona crescente importância política dos planos <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> privados no país. Esse processo acaboudando origem à configuração atual da políticanacional voltada à saú<strong>de</strong>, caracterizada por um mixpúblico-privado. Desse modo, poucos anos apósa implantação do SUS, vê-se o <strong>de</strong>senvolvimentoda lógica da nova universalida<strong>de</strong> (Gershman,&<strong>San</strong>tos, 2006), atuante no período marcado pelo<strong>de</strong>senvolvimento do Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família.Essa lógica consiste, por um lado, no fomento<strong>de</strong> um pacote básico <strong>de</strong> serviços para a Re<strong>de</strong> Básica<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, concentrando recursos para as camadasda socieda<strong>de</strong> com menor po<strong>de</strong>r aquisitivo e, poroutro, no favorecimento da expansão dos gruposprivados <strong>de</strong> assistência à saú<strong>de</strong>, em serviços nãocobertos no pacote essencial preconizado peloEstado.Assim, ainda que com inovações importantesna implementação do SUS e conquistas inéditaspara a saú<strong>de</strong> pública do país, o Brasil parece estarescrevendo, por linhas diferentes, um <strong>de</strong>sfechosemelhante ao que se viu acontecer em boa partedo mundo: a ampliação exorbitante dos lucrosprivados, em <strong>de</strong>trimento do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>um panorama <strong>de</strong> assistência à saú<strong>de</strong> segundo ostrês principais fundamentos ratificados há mais <strong>de</strong>20 anos: universalização, integralida<strong>de</strong> e equida<strong>de</strong>.Não obstante, mediante implementação doSUS, houve melhoria crescente no controle damortalida<strong>de</strong> infantil, na esperança <strong>de</strong> vida dos brasileirose no controle e erradicação <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias een<strong>de</strong>mias no país (Brasil, 2004b). Coloca-se comohipótese, neste estudo, que <strong>de</strong>ntre outros fatoresenvolvidos, essas melhorias po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sdobramentosdo fortalecimento da Re<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>no país, que é constituída pelas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>locais e regionais e também pelo Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>da Família e <strong>de</strong> Agentes Comunitários <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,que tem atuação no território a que se remetem.Essa Re<strong>de</strong> é caracterizada pelo <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> ações voltadas para a promoção e proteção <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, diagnóstico, prevenção <strong>de</strong> agravos, algunstratamentos e reabilitação. A bem dizer, a Re<strong>de</strong> Básica<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> focaliza as questões mais frequentesda população, trabalhando na redução <strong>de</strong> danose do sofrimento, almejando a conquista <strong>de</strong> umamelhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida por parte das pessoasacompanhadas. Desse modo, “o foco da atençãoé a pessoa, e não a doença” (Brasil, 2009, p. 16).Visando uma atenção longitudinal, envolvendo aconvivência numa duração, po<strong>de</strong>-se dizer que aRe<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>apóia suas ações nos vínculosconstruídos com as pessoas acompanhadas.Uma figura que emerge com força no cenárioda Atenção Básica é a do “agente comunitário <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>” (ACS). Segundo Peres, Junior, Silva e Marin(2011) o ACS é personagem-chave na organizaçãoda assistência em saú<strong>de</strong> no Brasil, uma vez que assumeuma posição bidirecional, sendo morador dacomunida<strong>de</strong> em que trabalha e, ao mesmo tempo,integrante da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Seu principal objetivono trabalho é favorecer uma melhor qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida para as pessoas e comunida<strong>de</strong>s atendidas.Cohn, Nakamura e Gutierres (2009) apontampara o caráter ambíguo <strong>de</strong>sse trabalho, alternandoentre os polos da normatização e da emancipação.Ele é, simultaneamente, “da saú<strong>de</strong>” e “da comunida<strong>de</strong>”.Seu trabalho, sobretudo as visitas domiciliaresrealizadas, oferece à assistência em saú<strong>de</strong> umgrau elevado <strong>de</strong> capilarida<strong>de</strong> social, aumentando ostentáculos do Estado, mas carregando também umteor privado nas relações pessoais <strong>de</strong>senvolvidas.Os ACS cumprem, assim, um papel <strong>de</strong> mediadorentre as esferas públicas e privadas da vida social.Nesse sentido, po<strong>de</strong>-se dizer que há um lado estratégicona maior capilarização social do trabalhodo Estado, isto é, um maior controle do po<strong>de</strong>rpúblico sobre a vida privada. Não obstante, ele éfeito pelo trabalho <strong>de</strong> uma pessoa que também éRevista Científica Guillermo <strong>de</strong> Ockham. Vol. 11, No. 1. Enero - junio <strong>de</strong> 2013 - ISSN: 1794-192X ‣ 23

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