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Ciencias humanas, sociales y económicas - Universidad de San ...

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Autonomia, saú<strong>de</strong> mental e subjetivida<strong>de</strong> no contexto assistencial brasileiro - pp. 21-33como um processo <strong>de</strong> comunicação, singular eimpossível <strong>de</strong> ser apreendido linearmente, poisé tido enquanto uma produção interpretativa dopesquisador. Os <strong>de</strong>sdobramentos metodológicos<strong>de</strong>ssa concepção se voltam para a ênfase na qualida<strong>de</strong>da relação estabelecida com a pessoa pesquisada,<strong>de</strong> modo que se torne possível a construção<strong>de</strong> uma relação com confiança suficiente paraque haja uma comunicação autêntica, permeadapela emocionalida<strong>de</strong> dos envolvidos. Nessa ótica,a qualida<strong>de</strong> e o rigor da pesquisa não resi<strong>de</strong>m naaplicação <strong>de</strong> instrumentos pré-estabelecidos erígidos, mas na qualida<strong>de</strong> da informação construída,mediante flexibilida<strong>de</strong> para a elaboração dosinstrumentos, <strong>de</strong> modo a a<strong>de</strong>quar a construçãodos mesmos ao contexto pesquisado, buscandotecer relações dialógicas comprometidas com osobjetivos da pesquisa. Os instrumentos seriamfavorecedores <strong>de</strong>ssa relação e não o fundamentoda pesquisa. Trata-se <strong>de</strong> um giro, tal qual concebeo autor, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma epistemologia da resposta, parauma epistemologia da construção.Rompendo com a dicotomia – amiú<strong>de</strong> explicitadanas teorias tradicionais – entre indivíduo esocieda<strong>de</strong>, a partir da Teoria da Subjetivida<strong>de</strong>, osfenômenos sociais não se expressam em seu estadopuro, mas tem uma significação humana. É precisamenteessa produção individual e diferenciadado fenômeno social que se <strong>de</strong>nomina sentidosubjetivo (Silva, 2008). Esse conceito representa aunida<strong>de</strong> dos processos simbólicos e dos processosemocionais, em que um emerge ante a presençado outro, sem ser sua causa (González Rey, 2002).Emergindo na processualida<strong>de</strong> das relações e dasações <strong>humanas</strong>, o conceito <strong>de</strong> sentido subjetivoresi<strong>de</strong> na não exclusão do homem enquanto sujeito<strong>de</strong> sua ação. Nesse sentido, ele não existe apriori, necessitando da construção interpretativado pesquisador para sua inteligibilida<strong>de</strong>.Portanto, não há nenhum fator ou elemento –se tomado sem referência à pessoa – que <strong>de</strong>termineem si mesmo como irá influenciar o curso futurodo <strong>de</strong>senvolvimento da pessoa. Desse modo, ospróprios fatores externos vão refratar por meiodas vivências emocionais da pessoa (GonzálezRey, 2009a). Nesse sentido, enten<strong>de</strong>-se que a experiência<strong>de</strong> alta institucional por dois usuários doCAPS, por exemplo, po<strong>de</strong> ser vivenciada <strong>de</strong> formasextremamente diferentes por duas pessoas, aindaque recebam a mesma <strong>de</strong>scrição semiológica emtermos <strong>de</strong> transtorno mental. Esse valor emocionalpeculiar a cada experiência diz respeito a diferenteshistórias <strong>de</strong> vida, crenças, valores e distintas maneiras<strong>de</strong> se organizar subjetivamente.Por sua vez, a configuração subjetiva “é umaorganização relativamente estável <strong>de</strong> sentidossubjetivos relacionados com um evento, ativida<strong>de</strong>,ou produção social <strong>de</strong>terminados” (González Rey,2009b, p. 218). Não se trata apenas da integração<strong>de</strong> diferentes sentidos subjetivos, mas também daorganização atuante na produção <strong>de</strong>sses sentidossubjetivos. Ou seja, é na vivência do sujeito queelementos da experiência concreta atual entram emcontato com configurações subjetivas, culminandona processualida<strong>de</strong> dos sentidos subjetivos. Nessesentido, ela diz respeito à unida<strong>de</strong> do históricoe do atual na organização da subjetivida<strong>de</strong>, poisrepresenta a expressão do vivido como produçãosubjetiva. Essa idéia é importante, pois rompecom o pensamento linear e organizado da subjetivida<strong>de</strong>em presente, passado e futuro. Nessecaso, falar do passado e do futuro se refere não atempos distintos do presente, mas à maneira comoesses tempos são subjetivamente produzidos nomomento atual. As configurações subjetivas nãosão, portanto, estruturas rigidamente estabelecidas,mas constituem um sistema envolvido <strong>de</strong> formapermanente, em relações nas quais uma configuraçãopo<strong>de</strong> se integrar com elementos <strong>de</strong> sentido<strong>de</strong> outra, como consequência do posicionamentodo sujeito nos diferentes momentos <strong>de</strong> sua vida(González Rey, 2004a).Desse modo, compreen<strong>de</strong>r como se dão os processossubjetivos <strong>de</strong> usuários em processo <strong>de</strong> altaé buscar compreen<strong>de</strong>r não como esse momentoé pensado conscientemente, mas sim como ele évivenciado por eles a partir <strong>de</strong> suas produções <strong>de</strong>sentido pessoais <strong>de</strong>ntro do espaço social institucional.Extrapola-se, assim, as concepções <strong>de</strong> controleracional do futuro e da certeza objetiva da normalida<strong>de</strong>,na forma como elas surgiram no pensamentomo<strong>de</strong>rno. Concordo com González Rey (2011),ao afirmar que “sem estudar em profundida<strong>de</strong>e <strong>de</strong>senvolver o mo<strong>de</strong>lo teórico da configuraçãosubjetiva envolvida no transtorno não po<strong>de</strong>remosfacilitar alternativas que permitam ao sujeito novasproduções subjetivas” (p. 37). Estudos nessadireção parecem compor uma profícua maneira<strong>de</strong> refletir sobre os alcances e os limites das açõesestratégicas implementadas nas instituições. NesseRevista Científica Guillermo <strong>de</strong> Ockham. Vol. 11, No. 1. Enero - junio <strong>de</strong> 2013 - ISSN: 1794-192X ‣ 29

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