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Ciencias humanas, sociales y económicas - Universidad de San ...

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Autonomia, saú<strong>de</strong> mental e subjetivida<strong>de</strong> no contexto assistencial brasileiro - pp. 21-33mentais, <strong>de</strong> forma que os CAPS seriam os dispositivosestratégicos <strong>de</strong>sse movimento. Na <strong>de</strong>finiçãooferecida pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> do Brasil,Os CAPS são instituições <strong>de</strong>stinadas a acolher os pacientescom transtornos mentais, estimular sua integraçãosocial e familiar, apoiá-los em suas iniciativas<strong>de</strong> busca da autonomia, oferecer-lhes atendimentomédico e psicológico. Sua característica principal ébuscar integrá-los a um ambiente social e culturalconcreto, <strong>de</strong>signado como seu “território”, o espaçoda cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolve a vida quotidiana <strong>de</strong>usuários e familiares. Os CAPS constituem a principalestratégia do processo <strong>de</strong> reforma psiquiátrica.(Brasil, 2004ª, p.9).Nesse sentido, o CAPS é concebido como umserviço que busca as potencialida<strong>de</strong>s dos recursoscomunitários à sua volta, <strong>de</strong> modo que todosesses recursos estejam incluídos na assistência especializadaem saú<strong>de</strong> mental. Assim, a reabilitaçãosocial po<strong>de</strong> até se dar a partir do CAPS, porémnecessariamente sempre em direção à comunida<strong>de</strong>.Apresentando a questãoA partir da formalização <strong>de</strong>ssas transformações,enquanto políticas públicas estruturadas pô<strong>de</strong>-seassistir a importantes avanços na assistência àsaú<strong>de</strong> mental, levando à problematização e parcialsuperação <strong>de</strong> impasses até então insolúveis.A<strong>de</strong>mais, essas mudanças suscitaram <strong>de</strong>bates emdiversas esferas sociais, culminando num processointeressante <strong>de</strong> reflexão sobre novas possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> convivência em meio às diferenças sociais – oque levou a diversos questionamentos sobre asdiversas formas <strong>de</strong> exclusão que pautavam sobremaneiraa socieda<strong>de</strong> brasileira até então. TeixeiraJunior, Kantorski e Olshchowski (2009), em estudorealizado sobre as vivências dos usuários noCAPS e a importância que estes atribuem à atençãopsicossocial, analisaram que os relatos <strong>de</strong> usuáriosque vivenciaram a mudança do modo asilar parao psicossocial permitem interpretar que o CAPS,a partir <strong>de</strong> suas estratégias, significou um lugar <strong>de</strong>experimentação para a concretização <strong>de</strong> práticasgeradoras <strong>de</strong> sentido e produtoras <strong>de</strong> vida.Também a partir <strong>de</strong> análises elaboradas combase em entrevistas, Pan<strong>de</strong> e Amarante (2011)argumentam sobre alguns avanços significativosda assistência prestada aos usuários no CAPS, emcomparação ao tratamento no hospital psiquiátrico:a diminuição da frequência e do tempodas internações, melhor qualida<strong>de</strong> dos serviçosprestados e menor hierarquização na relação entretécnicos e usuários. Os autores também apontampara a gran<strong>de</strong> diferença nos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> cuidado doCAPS, em relação aos manicômios, <strong>de</strong> modo quepráticas muitas vezes cruéis foram substituídaspor uma espécie <strong>de</strong> proteção dos profissionais emrelação aos usuários. Todavia, em muitos casos, amanutenção dos usuários no serviço, justificadapor essa proteção, seria um <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong>certa infantilização atribuída a eles, culminando,por fim, em sobrecarga e <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>stes emrelação ao serviço.Acredita-se que esse fator dificulte em gran<strong>de</strong>medida um alcance mais pleno daquilo que foidiscutido acima enquanto <strong>de</strong>sinstitucionalização.Nesse caso, conforme aponta Rotelli, Leonardise Mauri (2001), estaríamos mais próximos, narealida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sospitalização,que, no entanto, guarda diversas característicasda lógica manicomial, sobretudo, no que se refereao favorecimento da <strong>de</strong>pendência do usuário emrelação ao serviço – o que os autores nomeiam <strong>de</strong>nova cronicida<strong>de</strong>.Uma manifestação altamente inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ssequadro na realida<strong>de</strong> dos CAPS – e que se propõea analisar com mais <strong>de</strong>talhes neste estudo – é apermanência <strong>de</strong> alguns usuários nas ativida<strong>de</strong>sterapêuticas da instituição por diversos anos,contrariando a i<strong>de</strong>alização dos CAPS, enquantoserviços “<strong>de</strong> passagem” e que não <strong>de</strong>senvolvam a<strong>de</strong>pendência do usuário e que aju<strong>de</strong>m no processo<strong>de</strong> reconstrução <strong>de</strong> laços sociais, familiares ecomunitários, com vistas à autonomia gradativada pessoa atendida (Brasil, 2004a). Em muitoscasos, usuários mantém por anos a fio o CAPScomo único espaço social em que são mantidasrelações pessoais e ativida<strong>de</strong>s fora <strong>de</strong> casa. Nessescasos, a cronificação do usuário parece se dar <strong>de</strong>forma inevitável e o papel emancipatório a sercumprido pela instituição se vê comprometidoem gran<strong>de</strong> medida.Outro agravante que parece ser agravante paraa manutenção <strong>de</strong>sse quadro, dificultando a potencializaçãodos alcances dos CAPS é a confusãoe a coexistência dos princípios norteadores daReforma Psiquiátrica com concepções e práticasRevista Científica Guillermo <strong>de</strong> Ockham. Vol. 11, No. 1. Enero - junio <strong>de</strong> 2013 - ISSN: 1794-192X ‣ 25

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