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Design Televisual: Linguagens e Processos Rosana Vaz Silveira 22
grande parte dos projetos dos primeiros créditos do cinema apresentava referências
gráficas dos cartazes populares do século XIX.
No entanto, o design gráfico destes cartazes que influenciaram a construção
tipográfica dos títulos de filme no cinema, ao ser transportado para a película
cinematográfica era adaptado a partir dos recursos disponíveis para a produção da
imagem cinematográfica da época como, por exemplo, a restrição de se filmar em
cores e a dificuldades de contrastes. Assim, títulos e ornamentos gráficos eram
desenhados à mão e filmados para serem montados juntamente com o filme. Em
seguida, estes gráficos começaram a exibir movimentos, provavelmente oriundos das
primeiras experimentações animadas a partir da técnica de stop motion, como a do
filme de Humorous Phases of Funny Faces (1906), de James Blackton.
Figura 04: Motion title, filme Humorous Phases of Funny Faces (1906), de James Blackton. Fonte:
YouTube (2008).
Percebe-se, então, que as influências estéticas de um projeto desenvolvido
especialmente para ser impresso – cartazes, neste caso – necessitam ser repensadas
para serem projetadas em outra plataforma. Por conta disto, essas adaptações geram
novas linguagens e, conseqüentemente, outros processos dentro do campo do design.
O pesquisador e professor Luis Fernando Las-Casas, em Cinedesign: typography
in motion pictures (2007), apresenta a nomenclatura Cinedesign, referindo-se ao
estudo da manifestação da tipografia e do design gráfico em movimento, observando
as mudanças e padrões da composição audiovisual através do desenvolvimento dos
recursos tecnológicos do cinema. Indica esta nomenclatura como parte do design
audiovisual (em que considera um ramo do design gráfico), resultado da combinação
de elementos gráficos com imagens em movimento e som, porém aplicados à
linguagem cinematográfica.
As inserções do design gráfico no Cinedesign ocorrem principalmente pela
necessidade da composição tipográfica. A concepção da tipografia configura-se como
elemento gráfico fundamental em um projeto, pois prodigalizam características
informativas, identitárias e formais. Por conta disto, Las-Casas entende as aplicações
projetuais do Cinedesign em duas categorias: a Tipografia Narrativa e a Tipografia
Informacional. Considera a inserção de elementos gráficos que auxiliam na construção
do contexto do filme como tipografia narrativa: legendas, indicando lugar ou tempo