Claudia da Silva Moraes Fagundes - Uneb
Claudia da Silva Moraes Fagundes - Uneb
Claudia da Silva Moraes Fagundes - Uneb
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
2.1- A ORALIDADE NA PRÁTICA DOCENTE<br />
Imaginemos em um lugar onde ninguém fala a nossa língua e vice-versa. O sistema de<br />
escrita nos é totalmente estranho e não conseguimos decifrar na<strong>da</strong> desse novo código. As<br />
pessoas são forasteiras, e nunca as vimos antes até que naquele determinado dia nos vemos<br />
forçados a conviver com elas. O que faríamos? Imaginemos também que estas pessoas seriam<br />
nossos professores, responsáveis por nos ensinar a ler, escrever e a falar. Como elas fariam<br />
isso? Como se estabeleceria a comunicação nesse contexto? Estas pequenas questões feitas<br />
com base no texto de Cagliari “O alienígena que queria aprender a ler”, extraído de Jornal<br />
do Alfabetizador, nos faz pensar sobre o processo de escolarização <strong>da</strong>s nossas crianças.<br />
Professor, escrita e leitura tudo novo para elas. Como começar? Está é a principal questão.<br />
Não tem porque começarmos do zero. Comecemos pelo que elas têm para nos oferecer: a fala.<br />
Trabalhar com a orali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criança não só torna esse processo mais humano, como<br />
nos auxilia significativamente. O fato de a criança já ser falante nativo <strong>da</strong> língua nos aju<strong>da</strong> de<br />
forma considerável e temos que explorar este aspecto ao máximo. Para Antunes, explorar a<br />
orali<strong>da</strong>de é tão importante quanto a escrita e a leitura. Entretanto, não se pode usar a fala<br />
“apenas como lugar de espontanei<strong>da</strong>de, do relaxamento, <strong>da</strong> falta de planejamento e até do<br />
descuido em relação às normas <strong>da</strong> língua-padrão” (ANTUNES, 2003, p.99).<br />
Uma vez que a fala espontânea surja, o professor deve colocar em prática a sua<br />
capaci<strong>da</strong>de de interventor, trabalhando com a orali<strong>da</strong>de, pois, segundo Antunes (2003), à<br />
escola cabe o papel de orientadora na construção de uma linguagem elabora<strong>da</strong> que privilegie<br />
o desenvolvimento <strong>da</strong> competência lingüística nos alunos.<br />
No contexto social em que se insere, a linguagem oral é considera<strong>da</strong> na escola como<br />
tendo importância inferior. A leitura é desvincula<strong>da</strong> <strong>da</strong> apreensão de habili<strong>da</strong>des orais, quando<br />
é enfatiza<strong>da</strong>, só serve para fazer comparações do que deve e o que não deve ser dito num<br />
ambiente formal. Não se promovem situações que estimulem a explicitação <strong>da</strong> orali<strong>da</strong>de<br />
numa linguagem informal, aspecto considerado como já internalizado, não tendo por isso,<br />
necessi<strong>da</strong>de de reflexões mais profun<strong>da</strong>s. Segundo Antunes o que se pode constatar:<br />
... é uma equivoca<strong>da</strong> visão <strong>da</strong> fala, como o lugar privilegiado para a<br />
violação <strong>da</strong>s regras <strong>da</strong> gramática. De acordo com essa visão tudo que é<br />
19