Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira
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O paradoxo da Europa: fraqueza e força no século XXI<br />
de abrir uma séria negociação com o Irã em favor de seu envolvimento<br />
na solução das principais crises que abrangem aquela parte do mundo.<br />
É evidente que não pode haver pacificação no Iraque e estabilidade<br />
no Afeganistão, sem reconhecer o papel do Irã e sem obter sua colaboração.<br />
Mas, sobretudo, a questão nuclear iraniana deve ser enfrentada<br />
enquanto, ao mesmo tempo, se relança com determinação o compromisso<br />
pela paz no Oriente Médio. Não pode haver um duplo padrão na<br />
defesa dos princípios da legalidade internacional. E isso significa que<br />
se deve pedir também a Israel, em matéria de colonização, a propósito<br />
da questão de Jerusalém Oriental e dos direitos fundamentais dos<br />
palestinos, que respeite as resoluções do Conselho de Segurança e as<br />
exigências da comunidade internacional.<br />
(...)<br />
Fraqueza e força<br />
(...) a Europa ainda não perdeu seu jogo. Pode ainda jogar cartas<br />
importantes – entre as quais as cartas que procurei indicar. Antes de<br />
tudo, é preciso que nós, europeus, percebamos que uma maior unidade<br />
política do nosso continente é, mais do que uma escolha, uma<br />
necessidade, se a Europa quer ter um peso importante nos novos<br />
equilíbrios mundiais. O mundo do G-8, como dissemos, terminou.<br />
O orgulho nacionalista das velhas potências europeias representa a<br />
nostalgia de uma realidade que não existe mais e não, certamente,<br />
uma oportunidade para o futuro. Então, deve-se ir corajosamente no<br />
sentido da integração. (...)<br />
Primeiro: o Tratado de Lisboa permite – ou seja, não veta – uma<br />
melhor capacidade de operar no plano internacional. Não a garante,<br />
e até agora foi utilizado pouco e mal para este fim, mas torna-a possível.<br />
Um dos objetivos fundamentais e compartilhados do Tratado<br />
era reduzir a excessiva fragmentação da nossa representação externa,<br />
pelo menos por ocasião dos encontros nos níveis mais altos. (...)<br />
Segundo: há anos, de várias partes se sustenta que a UE deveria<br />
se dar uma voz unitária em todas as assembleias internacionais, sobretudo<br />
nas instituições financeiras internacionais, à luz do peso<br />
econômico da Europa e do grau de integração entre nossas economias<br />
nacionais. Uma representação unitária conferiria efetivamente<br />
à UE um papel negociador que hoje não tem. O problema, bem conhecido,<br />
é que na hora decisiva esta mudança tem a oposição dos<br />
Estados nacionais europeus, que se veem ainda sobrerrepresentados<br />
em relação ao próprio peso real. (...)<br />
MassimoD’Alema<br />
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