Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira
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O Brasil e armas nucleares<br />
armas nucleares. Quem tinha estas condições eram países altamente<br />
industrializados como a Alemanha, Japão, Suécia e alguns outros.<br />
O empenho das cinco potências nucleares era de evitar que eles, e<br />
não os países em desenvolvimento, desenvolvessem estas armas.<br />
O Brasil e a Argentina só aderiram ao TNP na década dos 90 no<br />
Governo Fernando Henrique Cardoso, o que permitiu que os dois<br />
países conduzissem programas nucleares sem problemas, incluindo<br />
atividades de enriquecimento de urânio em Rezende/RJ.<br />
Para evitar atividades nucleares clandestinas que levassem à produção<br />
de armas nucleares, a Agência Internacional, na década dos<br />
90, adotou novas regras de salvaguardas contidas no Protocolo Adicional.<br />
De acordo com as regras anteriores, a Agência poderia inspecionar<br />
apenas atividades nas “instalações declaradas” pelo país, de<br />
modo que instalações secretas não poderiam ser fiscalizadas. Pelo<br />
Protocolo Adicional podem ser inspecionadas quaisquer instalações,<br />
não só as declaradas, mas também as que fornecem equipamentos e<br />
outros produtos (como minas de urânio e equipamentos para usinas<br />
de enriquecimento) às instalações nucleares propriamente ditas.<br />
É aqui, contudo que se origina o problema; as regras adotadas<br />
originalmente pela Aiea na sua fiscalização não se mostraram suficientes<br />
para impedir que vários países não nucleares, como a Índia,<br />
o Paquistão, Israel e Coreia do Norte, tivessem acesso às tecnologias<br />
necessárias para fins militares e desenvolvessem armas nucleares.<br />
Além disso, Iraque, Líbia e mais recentemente Irã usaram e abusaram<br />
destas regras dando origem a sérias suspeitas que estivessem<br />
engajados em programas que levariam à produção de armas nucleares.<br />
Cada vez que um país desenvolve armas nucleares ele estimula<br />
outros a fazerem o mesmo para estabelecer uma paridade nuclear.<br />
Desde maio de 1977, a Agência Internacional de Energia Atômica<br />
aprovou protocolos adicionais para 133 países, 102 dos quais estão<br />
sendo implementados. Todos os países nucleares adotaram, voluntariamente,<br />
protocolos adicionais incluindo os Estados Unidos.<br />
Surpreendentemente em pleno século 21 com as grandes potências<br />
nucleares engajadas de fato no desarmamento, o governo Lula<br />
parece ter adotado o discurso dos militares. A forma com que isto é<br />
feito varia, mas as declarações de altas autoridades do governo encorajam<br />
a ideia que inspeções violam a soberania nacional e não<br />
podem ser aceitas como se pode ver nas declarações de vários dos<br />
seus integrantes.<br />
JoséGoldemberg<br />
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