Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira
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Atendendo a um pedido dos editores desta revista, o poeta Ferreira<br />
Gullar escolheu pessoalmente três poesias inéditas suas,<br />
que aqui publicamos para homenagear o agraciado com o Prêmio<br />
Camões de 2010 pelo conjunto de sua obra e pela excelência de<br />
sua produção.<br />
Como se sabe, no final do mês de maio, em anúncio feito pela ministra<br />
da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas, o intelectual maranhense<br />
recebeu esta láurea instituída em 1988, e que é atribuída ao<br />
autor que contribua para o enriquecimento do patrimônio literário e<br />
cultural da língua portuguesa, sendo considerado o mais importante<br />
prêmio literário de nosso idioma.<br />
Nascido José Ribamar Ferreira, em 10 de setembro de 1930, em<br />
São Luís, Maranhão, Ferreira Gullar inscreve nacionalmente seu<br />
nome na literatura em 1950, quando vence um concurso no Jornal<br />
de Letras, do Rio de Janeiro, com o poema O galo. Mesmo ano em que<br />
é demitido de seu trabalho de locutor de uma rádio por se recusar a<br />
ler uma nota oficial do governo maranhense que acusava os comunistas<br />
pela morte de um operário, em um comício.<br />
Desde cedo, arte e política entrelaçaram-se em sua vida de uma<br />
maneira inequívoca e apaixonada, como demonstra sua vocação para<br />
a polêmica e a experimentação da fase concreta, dos anos 1950, e o<br />
caráter popular de suas peças e trabalhos no Centro Popular de Cultura<br />
da UNE, nos anos 1960.<br />
Poeta refinado, crítico de arte conceituado, ensaísta, dramaturgo<br />
e artista plástico bissexto é também um cidadão voltado para as<br />
questões políticas de seu tempo. Por isso, entregou-se, sem pestanejar,<br />
à causa da democracia, quando esta foi violentada pela ditadura<br />
militar, em 1964. Assumiu a militância política no PCB e correu todos<br />
os riscos decorrentes dessa opção. Preso após a edição do AI-5,<br />
exilou-se, em 1971, na URSS, depois em Santiago do Chile, no Peru<br />
e em Buenos Aires. Na Argentina, produziu uma das construções<br />
poéticas mais relevantes de nossa língua, o “Poema Sujo”. Misto de<br />
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