Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira
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República: a travessia, as rupturas<br />
negociadas e a consolidação<br />
democrática 1<br />
Marcello Cerqueira<br />
Instado a redigir notas sobre os 25 anos do regime democrático<br />
vigente em tão duras penas alcançado, procurei uma abordagem<br />
que revelasse o fio condutor das transições brasileiras na fase republicana,<br />
com ênfase nas rupturas negociadas. Sem esquecer que<br />
a Independência brasileira foi também ela resultado de uma ruptura<br />
transacionada, prevalecendo a política de emancipação mediante<br />
negociação com a Europa, afastada, portanto, qualquer veleidade de<br />
uma solução exclusivamente nacional. 2<br />
A proclamação da República, como antes o Império, não operou a<br />
ruptura da ordem jurídica, foi antes uma espécie de revezamento de<br />
elites. Não foi marcada pelas reformas que habitualmente caracterizam<br />
as mudanças de regime político. “A República veio, mas não fez<br />
as reformas básicas na terra e na educação”. 3 A primeira República<br />
1 Publicado agora na íntegra, já que na edição anterior da revista, por erro de montagem,<br />
houve um corte em parte do ensaio.<br />
2 Ver: MOTA, Carlos Guilherme. 2. ed. Europeus no Brasil à época da Independência:<br />
um estudo. In: 1822, Dimensões. S.l.: Perspectiva, 1986. “A Independência, simples<br />
transferência de poderes dentro de uma mesma classe, entregaria a direção da nova<br />
ação aos proprietários de terras, de engenhos e aos letrados ”, conf. CUNHA, Pedro<br />
Octávio Carneiro da. A fundação de um império liberal. In: História geral da civilização<br />
brasileira, sob a direção de Sérgio Buarque de Holanda. 6. ed. São Paulo: Difel,<br />
1985. V. 1: O processo de emancipação, p. 183.<br />
3 Ver: RODRIGUES, José Honório. Conciliação e Reforma no Brasil. Rio de Janeiro:<br />
Editora Nova Fronteira, 2 ed., p. 81.<br />
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