13.04.2013 Views

Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira

Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira

Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Memória<br />

naturezas mortas, principalmente na presença de frutas e flores;<br />

além das esculturas. Também foi grande o número de paisagens explorando<br />

recantos do interior do estado e paisagens urbanas. Aquelas<br />

cuja referência eram lugares e regiões interioranas, deixando ver<br />

a grande diversidade que compõem a região e principalmente o Pará<br />

em termos geográficos. Entre as paisagens, destacam-se aquelas<br />

cuja motivação foi a cidade de Belém, em especial dois aspectos foram<br />

os mais explorados: monumentos urbanos e as famosas feiras<br />

livres. Alguns trabalhos também se empenharam em problematizar<br />

ambientes mais íntimos, como os lugares de moradia. Além disso, a<br />

inspiração da arte indígena, com destaque à marajoara e à tapajônica,<br />

se fez presente nos Salões principalmente nos trabalhos de arte<br />

aplicada. Outra tópica que se destacou nos salões foi a representação<br />

de homens e mulheres da região, tipos sociais comumente encontrados<br />

nas margens dos rios ou nas cidades, representativos de<br />

uma cultura comum.<br />

Em 1947, a tela “Mulata do cheiro”, 4 da pintora paraense Antonieta<br />

Santos Feio foi exposta no VIII Salão Oficial de Belas Artes,<br />

organizado pela Sociedade Artística Internacional, em Belém. Em seguida,<br />

a obra foi adquirida pela Prefeitura Municipal de Belém, integrando<br />

a Pinacoteca Pública. A tela é um retrato de uma mulher<br />

mestiça, de meia idade, vestida com saia florida, blusa branca com<br />

renda, adornada com brincos, colar e pulseira dourados, flores vermelhas<br />

e brancas nos cabelos presos no topo da cabeça.<br />

O corpo ereto, olhar à frente, ela apóia a mão direita na cintura, e<br />

com a esquerda segura um cesto de palha repleto de raízes e plantas<br />

de cheiro forte. 5<br />

A experiência na execução de retratos garantiu que a artista desse<br />

soluções importantes para a tela em questão. O fundo é dinâmico,<br />

se comporta como um dado regional, pois remete às construções arquitetônicas<br />

bastante comuns na cidade de Belém do Pará, feitas de<br />

feixes de madeira enfileirados. Por outro lado, consegue manter-se<br />

suficientemente neutro, dando destaque à figura da mulher representada<br />

com interferências mínimas.<br />

Na história da arte brasileira, a mulher foi o tema dominante nas<br />

representações de afrodescendentes, aparecendo desde as recorridas<br />

4 Esta tela foi tombada pelo Mabe com o nome “Vendedora de cheiro”, em 1995. As<br />

próximas referências serão com o nome de tombamento.<br />

5 O cheiro de papel, até hoje encontrado nos mercados públicos ou vendido nas ruas<br />

de Belém, resulta de uma combinação de raízes, cascas e paus aromáticos, ralados<br />

e misturados a trevos, jasmins e rosas, embrulhados em pedaços de papel. Os envelopes<br />

cheirosos são colocados em gavetas, baús e armários, perfumando as roupas.<br />

156<br />

PolíticaDemocrática·Nº27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!