Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira
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Mundo<br />
tomada, cantada em prosa e verso, do projeto keynesiano, com a finalização<br />
do projeto neoliberal.<br />
Enquanto os economistas que alertavam para a necessidade estratégica<br />
de recompor a confiança dos agentes de mercado eram ignorados,<br />
economistas que defendiam o estímulo à demanda agregada<br />
via gasto público, o fortalecimento do aparelho do Estado, eram<br />
incensados. É que para eles o socialismo estava logo ali na esquina.<br />
O economista Dan Rodrik desenvolveu uma interessante questão,<br />
que chamou de trilema: Não haveria como alinhar a integração econômica,<br />
o Estado nacional e a democracia.<br />
Algo como não haver meios de manter a integração econômica<br />
anterior, sem invadir a área de privacidade dos Estados nacionais,<br />
desrespeitando as vontades das populações locais. Manter a vontade<br />
das populações locais implicaria em deter a integração econômica<br />
por conta dos movimentos de defesa das economias nacionais.<br />
Ele exemplifica a situação com os Estados Unidos: se alguém perde<br />
emprego na Califórnia pode ir para a Flórida buscar oportunidades.<br />
Ou se alguém está desempregado em qualquer ponto do território<br />
americano receberá sempre o seguro-desemprego. Na União Europeia,<br />
contrariamente, as barreiras nacionais ainda importam e muito.<br />
Não parece haver um caminho para que a Europa Ocidental saia<br />
unificada da crise atual, embora tenha parecido que a unificação e<br />
seu aprofundamento seriam a solução.<br />
O fato é que a estratégia macroeconômica keynesiana não trouxe a<br />
esperada solução e acabou gerando uma crise fiscal que, em algum<br />
momento, cobrará a sua conta. Geralmente o custo é o baixo crescimento.<br />
Baixo crescimento em um quadro natural de baixo crescimento.<br />
Em linhas gerais, a economia mundial parece estar muito longe<br />
de uma recuperação sustentável de longo prazo. Ainda se discute o<br />
padrão, mas certamente a curva não aparenta ter semelhança com o<br />
esperado “V”, quer dizer “crise/depressão/recuperação dos níveis<br />
anteriores”. As indicações, mesmo com flutuações positivas, apontam<br />
mais para o “L”. Enfim: “crise, depressão e recuperação em padrões<br />
bem inferiores”.<br />
Mais do que tudo uma recuperação em “L” irá trazer outro dilema<br />
e não se trata de exercer políticas públicas de garantias sociais ou<br />
não: o “estilo” de consumo da Europa Ocidental é muito semelhante<br />
ao estilo de consumo americano. Europa Ocidental, menos, e EUA<br />
travaram suas economias numa expansão econômica estimulada por<br />
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PolíticaDemocrática·Nº27