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Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira

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Escritores comunistas e a redemocratização<br />

O Congresso teria por fim que “apreciar, discutir e deliberar sobre<br />

toda a matéria que diga respeito aos interesses da cultura e ao exercício<br />

da atividade do escritor, sem exclusão de qualquer especialidade,<br />

desde que a referida matéria lhe seja apresentada sob a forma de<br />

teses, indicações, projetos e anteprojetos.” 13<br />

O ato inaugural aconteceria no Teatro Municipal de São Paulo com<br />

uma mesa composta por Aníbal Machado, Cristiano Cordeiro, Murilo<br />

Rubião, Otto Lara Rezende, Roque Javier Laurenza, Dionélio Machado,<br />

Francisco de Assis Barbosa, Carlos da Silveira, Haddock Lobo,<br />

Jorge Amado, Mario Neme, Ernesto Feder e Sergio Milliet, presidente<br />

da seção paulista e quem faria o discurso de boas-vindas, de abertura.<br />

Milliet afirma as sérias dificuldades da realização do encontro, não<br />

apenas pelas comuns questões financeiras, mas pelo desinteresse da<br />

categoria. O tom de seu discurso é de apelo às responsabilidades do<br />

escritor frente ao mundo e sobre o propósito central do encontro:<br />

Ei-vos aqui em vossa terra, meus amigos, num momento grave de<br />

nossa vida, a fim de debatermos juntos questões de importância para<br />

a nossa classe. Questões éticas em primeiro lugar... éticas ainda em<br />

segundo, terceiro e último lugares. Porquê, afinal, tudo não passa de<br />

ética. Não há vida coletiva sem código de moral. A estes se prendem as<br />

atividades do grupo nas suas relações internas e externas. 14<br />

O discurso acentua o caráter de união. Não obstante, não deixa<br />

de mencionar as dificuldades, as divisões internas, e o que ele considerou<br />

como ceticismo cômodo de alguns. Milliet chama a atenção<br />

para a postura dúbia de alguns escritores. Segundo Florestan Fernandes,<br />

nos dias anteriores ao evento, corria rumores que seria este<br />

um encontro subversivo. 15 Drummond corrobora a hipótese informando<br />

que havia o risco de a polícia proibir o evento. 16 O clima de<br />

censura era, ao que tudo indica, dominante. Em 6 de janeiro, O Jornal<br />

informaria que Aníbal Machado, tratando de dirimir dúvidas e<br />

“denunciando manobras insidiosas” daria declaração aos Diários Associados<br />

na qual insistia nos “elevados propósitos do Congresso”<br />

Acresce-se a este clima de tensão e censura a relação, ainda que<br />

passada, de muitos destes intelectuais com o Estado Novo. De fato,<br />

a Declaração Final do Congresso seria divulgada inicialmente através<br />

de volantes e só sairia na imprensa, passados dois meses, em 4<br />

13 Anais, p. 11.<br />

14 Anais, p. 24.<br />

15 Folha da Manhã, 24/01/1945, p. 5.<br />

16 DRUMMOND. Op. Cit, p. 17.<br />

AnaAméliadeMouraCavalcantedeMelo<br />

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