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Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira

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Batalha das ideias<br />

nização e de mitigação de consequências. O ineditismo de Belo Monte<br />

e seus mais de 100 km de vazão reduzida demonstrou mais uma<br />

vez a utilização e prevalência de conceitos do manual da Eletrobrás<br />

de população atingida e área diretamente afetada nos próprios termos<br />

de referência do Ibama.<br />

O resultado é uma invisibilidade de populações e de áreas nos<br />

documentos que em momento futuro (nas audiências públicas, nas<br />

franjas das possibilidades institucionais) se desdobra em uma destituição<br />

de fala em carne e osso como agrupamentos que não são diretamente<br />

afetados.<br />

É impossível a invisibilização, por outro lado, das grandes ONGs<br />

que têm visibilidade internacional. Resta então o desabono destes<br />

agrupamentos como grupos alienígenas alheios ao espaço do progresso<br />

e do desenvolvimento.<br />

As usinas do Madeira e do Belo Monte exibiram processos de<br />

licenciamento ambiental muito apressados, houve controvérsias reais<br />

entre as equipes de analistas ambientais e as diretorias de licenciamento,<br />

denunciados por movimentos organizados, ONGs e<br />

parcelas da população envolvida, pesquisadores, comunidade científica,<br />

mas cuja decisão administrativa final coube às direções dos<br />

órgãos licenciadores.<br />

O processo de invisibilização dos movimentos sociais e de enfraquecimento<br />

da resistência não parece ser um processo sistemático<br />

no sentido de orquestração, mas é reincidente a cada obra, de acordo<br />

com a resistência que se apresenta na conjuntura e da disponibilidade<br />

do apoio oficial por meio de uma conduta e conjunto de ações que<br />

fazem parte de uma maneira de se tratar os conflitos e assediar os<br />

ameaçados. Entre o fazer e o não fazer uma obra, que em teoria são<br />

possibilidades do processo de licenciamento, lança-se mão de um<br />

dogma: de que a solução sábia está no meio destes extremos. Mas o<br />

meio já pressupõe o início de uma obra que, em momento subsequente,<br />

terá os grupos que dispõem mais recursos políticos e econômicos<br />

para modificar, negociar; e se desresponsabilizar, com uma<br />

vantagem na disputa: o maquinário em marcha, com a matéria prima<br />

no canteiro e com os alojamentos repletos de operários.<br />

Referências<br />

BANCO MUNDIAL. Licenciamento Ambiental de Empreendimentos<br />

Hidrelétricos no Brasil: Uma Contribuição para o Debate. Relatório n.<br />

40995-BR (3 Vol.), <strong>28</strong>/03/2008.<br />

56<br />

PolíticaDemocrática·Nº27

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