Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira
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Falta o “algo mais”<br />
na política externa do Brasil<br />
Alon Feuerwerker<br />
Talvez esteja na hora de a diplomacia brasileira tentar reencontrar<br />
o eixo perdido. As últimas semanas não foram boas para<br />
o Itamaraty. Nem para o presidente da República, no front externo.<br />
Um ponto de derrapagem foi a condução final do tema nuclear<br />
iraniano. De lá para cá as coisas parecem meio fora de lugar.<br />
Ao ponto de o G20 reunir-se para debater as estratégias econômico-financeiras<br />
globais e o Brasil passar em branco. Lula sempre defendeu<br />
a necessidade imperiosa de ampliar o debate para além do<br />
G8, para fora dos estreitos limites do mundo desenvolvido. Quando<br />
a ampliação começa a acontecer, o Brasil parece meio à margem.<br />
Tem sido notável o investimento político brasileiro nos Brics, 1 o grupo<br />
das nações emergentes mais importantes, como polo alternativo aos<br />
Estados Unidos e à Europa. Mas as últimas semanas registram não<br />
apenas o nosso isolamento no âmbito dos Brics – como se viu na aprovação<br />
das sanções contra o Irã pelo Conselho de Segurança da ONU. Há<br />
uma inédita coordenação entre os Estados Unidos, a China e a Rússia.<br />
Passou meio despercebido aqui, encoberto pela reta final da Copa<br />
do Mundo e pelo horrendo “Caso Bruno”, mas americanos e russos<br />
fizeram uma troca-relâmpago de espiões semana passada que é um<br />
sintoma das excelentes relações bilaterais. E nos últimos dias apareceram<br />
conexões de separatistas islâmicos chineses uigures com a Al<br />
Qaeda, quando se desbaratou uma conspiração terrorista na Noruega.<br />
Em Cuba, finalmente o Partido Comunista começa a se mover,<br />
pressionado pela exigência internacional de mais respeito aos direitos<br />
humanos. De um jeito meio torto, é verdade, pois propõe banir do<br />
país os oposicionistas presos, em vez de simplesmente libertá-los.<br />
A ditadura brasileira fazia isso nos anos 1960 e 1970.<br />
O Itamaraty correu para dizer que o Brasil tem um papel no avanço<br />
obtido, mas nossa capacidade de capitalizar politicamente é zero.<br />
1 Grupo de que participam Brasil, Rússia, Índia, China, dentre outros países ditos<br />
emergentes.<br />
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