Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira
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SUS: situação atual e perspectivas<br />
modelo, que já foi revolucionário, decorre um modo de atenção à<br />
saúde cuja intervenção de cuidado é baseada numa visão reducionista<br />
e mecanicista, em que o médico especialista é o mecânico que<br />
tratará da parte do corpo-máquina defeituosa ou do ambiente para<br />
controle das possíveis causas de epidemias. O hospital continua sendo<br />
o lócus privilegiado da atenção à saúde. A alta complexidade recebe,<br />
proporcionalmente, mais recursos que a atenção primária que<br />
padece com subfinanciamento. As ações de média complexidade estão<br />
estranguladas pelo baixo financiamento. A Estratégia Saúde da<br />
Família (ESF), grande esperança para a mudança do modelo de atenção,<br />
está sendo implementada simplesmente como ampliação do<br />
acesso. Mesmo esta inadequada ESF começa a ser desvirtuada com<br />
propostas de “flexibilização” da composição de sua equipe. Na prática,<br />
significa admitir Unidades de Saúde da Família sem o profissional<br />
médico. Um retrocesso e um risco. Risco da implementação de<br />
um SUS pobre para os que nada têm.<br />
A ESF deve ser valorizada e tornar-se estruturante de todo o sistema<br />
de saúde. Verdadeira porta de entrada e onde o cuidado e atenção<br />
ao indivíduo e à comunidade far-se-ão de forma integrada e integral.<br />
Neste nível de atenção, a complexidade de medidas de cuidado a serem<br />
tomadas, os recursos tecnológicos utilizados e a especialização de<br />
sua equipe irão mudar radicalmente o conceito de atenção primária<br />
ou básica que tem o senso comum. Maior complexidade não significa,<br />
obrigatoriamente, acesso imediato a recursos de propedêutica armada,<br />
via de regra, caríssimos. Significa que as habilidades cognitivas e<br />
técnicas dos integrantes da equipe de saúde necessárias ao enfrentamento<br />
dos desafios de resolver mais de 80% das demandas de saúde<br />
de uma determinada comunidade são altamente especializadas. Os<br />
demais níveis de assistência passam a trabalhar em função de satisfazer<br />
as demandas deste nível de atenção. Tratar, recuperar e reabilitar<br />
respondendo às necessidades da atenção básica.<br />
Para dar consequência a esta revolução, será necessário ampliar<br />
os recursos financeiros para a saúde em 15%. E em curto espaço de<br />
tempo. Ou seja, regulamentar a utilização dos recursos previstos na<br />
Emenda Constitucional 29 e destinar à atenção primária a maior parte<br />
destes recursos para investir na reestruturação do sistema de saúde<br />
e na estruturação das equipes de saúde da família. A médio e longo<br />
prazos estes recursos serão compensados pela diminuição substancial<br />
dos agravos ocorridos nas populações cobertas.<br />
O aprofundamento do controle social é o maior desafio para um<br />
sistema de saúde com os princípios e diretrizes como tem o Sistema<br />
Único de Saúde. Garantir controle social exige cidadania. Exige uma<br />
WaldirCardoso<br />
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