Miolo PD27 - 28-07-2010.indd - Fundação Astrojildo Pereira
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A usina de Belo Monte: energia e democracia em questão<br />
O licenciamento ambiental de projetos hidrelétricos no Brasil é considerado<br />
um grande obstáculo para que a expansão da capacidade<br />
de geração de energia elétrica ocorra de forma previsível e dentro de<br />
prazos razoáveis. A não expansão, por sua vez, representaria séria<br />
ameaça ao crescimento econômico (BM, 2008, v. 1, p. 6).<br />
O processo de licenciamento ambiental tem representado uma dificuldade<br />
adicional para o Brasil aproveitar completamente o potencial<br />
hidrelétrico da Região Amazônica. Planos que previam a construção<br />
de plantas hidrelétricas na região têm sido fortemente apoiados por<br />
muitos, mas encontram forte oposição por parte de certos segmentos<br />
da sociedade civil. Na Região Amazônica, a percepção do setor foi prejudicada<br />
por diferentes experiências com plantas geradoras. Algumas<br />
funcionaram bem, mas outras, particularmente Balbina, mas também<br />
Samuel, resultaram em grandes prejuízos ambientais e sociais (BM,<br />
2008, v. 1, p. 12).<br />
Considerando que os aspectos sociais relativos a empreendimentos<br />
hidrelétricos têm grande relevância para os custos e prazos implicados<br />
no processo de licenciamento ambiental, isso sugere haver necessidade<br />
de reforço da equipe da Diretoria de Licenciamento do Ibama na<br />
área social (BM, 2008, v. 1, p. 21).<br />
O licenciamento ambiental é considerado um grande obstáculo<br />
por quem? Certamente não por aqueles que batalharam para obter<br />
uma legislação de proteção ambiental adequada. Neste sentido caminharíamos<br />
na contramão das preocupações ambientais. Os órgãos<br />
ambientais e as instituições partícipes do processo de licenciamento<br />
não têm a velocidade adequada para compatibilizar obras com prazos<br />
razoáveis segundo o documento do banco, mesmo que reconheça<br />
que o licenciamento ambiental não é o único vilão da história, já que<br />
é recorrente a existência de estudos de impacto ambiental mal elaborados,<br />
constantemente questionados. O terceiro trecho selecionado<br />
nos remete à contradição entre a intenção e o gesto, se lembrarmos<br />
dos episódios mais que recentes que envolveram o licenciamento ambiental<br />
da Usina de Belo Monte, no qual tivemos sérios exemplos do<br />
enfraquecimento da ideia de “governança ambiental” associada a empreendimentos<br />
hidrelétricos quando a própria diretoria do Ibama e<br />
analistas ambientais do órgão federal sofreram assédio de ministérios<br />
interessados na célere aprovação do remendado projeto Kararaô-Belo<br />
Monte proposta na Volta Grande do Xingu<br />
As usinas hidrelétricas do Complexo do Madeira (Santo Antonio e<br />
Jirau) e o projeto de Belo Monte são exemplos de desfiguração de um<br />
processo de licenciamento ambiental, apesar de um discurso sempre<br />
em alta de sustentabilidade ambiental. Porém são tributários de tristes<br />
constatações:<br />
FranciscoDelMoralHernándezeCélioBermann<br />
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