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Estendia-se o corpo horizontalmente em um lençol ou re<strong>de</strong>, sustentado por duas varas <strong>de</strong><br />
pindaíba, sobre os ombros dos vivos.<br />
Mudaram-se as formas <strong>de</strong> conduzir o indivíduo para a sepultura, mas conservou-se,<br />
no vocabulário, talvez até no imaginário popular, a forte união entre a morte biológica e a<br />
morte social, "horizontalizando" o pobre na estrutura social <strong>de</strong> hierarquias. O pó <strong>de</strong>ve tornar<br />
ao pó, isto é, o corpo <strong>de</strong>ve voltar a terra e <strong>de</strong>sfazer-se na natureza.<br />
O corpo era <strong>de</strong>finido por ser composto dos elementos da natureza, tais como: terra,<br />
água, fogo e ar, para os filósofos da Antiguida<strong>de</strong>. Entre eles temos há a figura <strong>de</strong> Platão,<br />
aquele que afirmou a existência <strong>de</strong> uma alma imortal, contraposto a um corpo que<br />
sucumbe. É nessa alma imortal, segundo Platão, que se encontra acoplada a inteligência<br />
do homem, em movimentos circulares e perfeitos, tal como os executados pelos astros<br />
celestes. Por isso ele consi<strong>de</strong>rava que um corpo doente não seria somente um resultado do<br />
<strong>de</strong>sequilíbrio entre os quatros elementos, como era visto antigamente, mas sim<br />
acrescentava a esse <strong>de</strong>sequilíbrio a existência da superiorida<strong>de</strong> da alma, imortal, sobre o<br />
corpo enquanto os elementos (terra, água, fogo e ar) permanecem integrantes dos corpos<br />
e da natureza. Ou seja, para Platão a apropriação entre o cosmo e a vida humana se<br />
modifica mas não é <strong>de</strong>sfeita 14<br />
Encontra-se essa apropriação também, na obra <strong>de</strong> um outro filósofo da Antiguida<strong>de</strong>:<br />
Aristóteles (384-322 a.C.). Filho <strong>de</strong> um médico e consi<strong>de</strong>rado o fundador do que mais tar<strong>de</strong><br />
se chamará biologia. Aristóteles falava que nos astros e nas pessoas adultas, não existia<br />
algo em potencial a ser atualizado, melhorado, mesmo sabendo que o homem é constituído<br />
<strong>de</strong> matéria e que esta po<strong>de</strong> resistir à perfeição.<br />
14 Platão, Diálogos: Banquete, trad. Direta do grego por Jorge Paleikat, 20. ed. RJ. Ediouro, 1996.<br />
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