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A segun<strong>da</strong> lei determina a constituição ontológica de todos os entes. Não importa se é um<br />
ente sensível ou supra-sensível, todo ente é constituído por três elementos fun<strong>da</strong>mentais:<br />
o limite (peras) e o ilimite ou infinito (apeíron) que funcionam como matéria e forma e<br />
assim, por conseqüência, todo ente se constitui como uma mistura do limite e o infinito.<br />
Desta forma:<br />
A lei do ternário (que consiste, portanto, no fato de ser todo ente constituído pelo limite,<br />
pelo ilimite e pela diferente mistura dos dois) não vale somente para as hipóstases<br />
superioras, mas também para a alma, para os entes matemáticos, para os entes físicos;<br />
em suma, para tudo sem exceção. Nesse sentido, a matéria (sensível) vem a ser a última<br />
infinitude (ou ilimitação) e, assim, “é boa, em certo sentido” (ao contrário do que pensava<br />
Plotino), enquanto é a última efusão do Uno segundo a lei unitária <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. (Ibidem)<br />
Haveria muitos pontos essenciais <strong>da</strong> filosofia de Proclo que mereceriam ser estu<strong>da</strong>dos,<br />
mas para os objetivos <strong>da</strong> desta Aula, compreender essas duas leis ontológicas é<br />
suficiente. Tanto para Plotino como para o filósofo <strong>da</strong> Teologia platônica - a causa última<br />
que fun<strong>da</strong>, de um modo rigoroso, to<strong>da</strong> a reali<strong>da</strong>de - só tem sentido à medi<strong>da</strong> que seu<br />
reconhecimento permite à alma, com o auxilio <strong>da</strong> razão filosófica, a voltar-se a si mesma e<br />
aí realizar sua própria salvação, libertando-se <strong>da</strong> obscuri<strong>da</strong>de e amarras dos sentidos e<br />
optando livremente a ser o que ela sempre foi: uni<strong>da</strong> a sua origem, o Uno.<br />
O conhecimento ou a consciência de si, como já diziam Sócrates e Platão, salva o homem,<br />
revelando-lhe o que ele é. Nessa contemplação criativa, ele intui na alma a presença do<br />
Uno ou Deus, de quem recebe sua existência e com quem se assemelha. A felici<strong>da</strong>de do<br />
homem está nessa conscientização e divinização <strong>da</strong> alma; viver como os deuses, esse é o<br />
destino do homem.<br />
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claudiordutra@hotmail.com