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segun<strong>da</strong>, o que é impossível. De fato, assim como é impossível que o<br />
branco e o preto estejam presentes simultaneamente porque são<br />
formalmente contrários, igualmente é impossível que estejam presentes<br />
simultaneamente o branco e o que é precisamente a causa do preto. Isto é<br />
de tal modo necessário, que haveria uma contradição em admitir a<br />
presença <strong>da</strong> causa do preto sem a presença deste.<br />
Assegura<strong>da</strong> a certeza dos primeiros princípios, fica clara como se terá<br />
certeza <strong>da</strong>s conclusões tira<strong>da</strong>s destes graças à evidência <strong>da</strong> forma do<br />
silogismo perfeito, visto que a certeza <strong>da</strong> conclusão depende apenas <strong>da</strong><br />
certeza dos princípios e <strong>da</strong> evidência <strong>da</strong> ilação.<br />
Mas, por acaso, não errará o intelecto neste conhecimento dos princípios e<br />
<strong>da</strong>s conclusões, se todos os sentidos se enganarem a respeito dos<br />
termos? Respondo que, no que diz respeito a este conhecimento, o<br />
intelecto não tem os sentidos como causa, mas apenas como ocasião.<br />
Pois o intelecto só pode ter noção dos termos simples recebendo-a dos<br />
sentidos — mas, uma vez recebi<strong>da</strong>, o intelecto pode, por seu próprio<br />
poder, compor os termos simples. Se uma composição for evidentemente<br />
ver<strong>da</strong>deira em virtude dos termos simples em questão, o intelecto, por seu<br />
próprio poder e por causa dos termos, assentirá a<br />
esta composição e não em virtude dos sentidos de que recebe<br />
extrinsecamente os termos. Exemplo: se a noção de todo e a noção de<br />
maior forem recebi<strong>da</strong>s dos sentidos e o intelecto compuser esta proposição<br />
“qualquer todo é maior do que sua parte ”, o intelecto, por seu próprio<br />
poder e em virtude dos termos em questão, assentirá indubitavelmente a<br />
esta composição. E não o faz apenas porque vê os termos reunidos na<br />
coisa (como acontece quando assente à proposição “Sócrates é branco ”<br />
— neste caso ele o faz porque vê os termos reunidos na coisa). Digo até<br />
mesmo que se todos os sentidos, dos quais são recebidos estes termos,<br />
fossem falsos ou, o que contribui mais para o engano, se alguns sentidos<br />
fossem falsos e alguns ver<strong>da</strong>deiros, o intelecto não se enganaria a respeito<br />
dos princípios em questão porque os termos que são a causa <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de<br />
estariam sempre presentes em si. Assim, se as representações <strong>da</strong><br />
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claudiordutra@hotmail.com