20.06.2013 Views

AULA 04_Filosofia_da_Religiao_II.pdf

AULA 04_Filosofia_da_Religiao_II.pdf

AULA 04_Filosofia_da_Religiao_II.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Temos, assim, o que significa para ele filosofar a partir <strong>da</strong> experiência <strong>da</strong> fé. A fé fazia<br />

parte constitutiva de sua experiência vivi<strong>da</strong> e, por isso, a reflexão devia <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong><br />

mesma; por outro lado, esta mesma experiência <strong>da</strong> fé mostra-lhe a finitude <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

razão. A filosofia é importante para a fé enquanto lhe mostra a racionali<strong>da</strong>de, enquanto lhe<br />

dá compreensão e coerência. Mas a última palavra está com a Revelação, que trouxe a<br />

ver<strong>da</strong>de definitiva, uma vez que provin<strong>da</strong> de Deus.<br />

Vejamos agora, alguns pensamentos de<br />

Santo Agostinho, retirados do capítulo XI <strong>da</strong>s<br />

Confissões, (Col. Os Pensadores, Abril<br />

Cultural, em que Agostinho desenvolve a<br />

questão do tempo):<br />

“O que é o tempo? Não houve tempo nenhum em que não fizésseis alguma coisa, pois<br />

fazíeis o próprio tempo. Nenhuns tempos Vos são coeternos porque Vós permaneceis<br />

imutáveis, e se os tempos assim permanecessem, já não seriam tempos. Que é, pois o<br />

tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo<br />

só com o pensamento, para depois nos traduzir por palavras o seu conceito: e que assunto<br />

mais familiar e mais batido nas nossas conversas do que o tempo? Quando dele falamos,<br />

compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele<br />

nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se o<br />

quiser explicar a quem” me fizer a pergunta, já não sei. Porém, atrevo-me a declarar, sem<br />

receio de contestação, que, se na<strong>da</strong> sobrevivesse, não haveria tempo futuro, e se agora<br />

na<strong>da</strong> houvesse, não existiria o tempo presente.”<br />

De que modos existem aqueles dois tempos - o passado e o futuro -, se o passado já não<br />

existe e o futuro ain<strong>da</strong> não veio? Quanto ao presente, se fosse sempre presente, e não<br />

passasse para o pretérito, já não seria tempo, mas eterni<strong>da</strong>de. Mas se o presente, para ser<br />

tempo, tem necessariamente de passar para o pretérito, como podemos afirmar que ele<br />

existe, se a causa <strong>da</strong> sua existência é a mesma pela qual deixará de existir? Para que o<br />

tempo ver<strong>da</strong>deiramente existe, porque tende a não ser?<br />

33<br />

claudiordutra@hotmail.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!