20.06.2013 Views

AULA 04_Filosofia_da_Religiao_II.pdf

AULA 04_Filosofia_da_Religiao_II.pdf

AULA 04_Filosofia_da_Religiao_II.pdf

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A RAZÃO NO INTERIOR DA FÉ.<br />

No prólogo do Proslogion , Anselmo assim invoca a Deus:<br />

“Eu não tento, Senhor, aprofun<strong>da</strong>r-me nos teus mistérios porque a minha<br />

inteligência não é adequa<strong>da</strong>, mas desejo compreender um pouco <strong>da</strong> tua<br />

ver<strong>da</strong>de, em que o meu coração já crê e ama. Eu não procuro<br />

compreender-te para crer, mas creio para poder te compreender. “ E esse,<br />

com efeito., foi o programa de Anselmo: esclarecer com a razão aquilo que<br />

já se possui com a fé. Era esse o pedido que os monges lhe haviam feito:<br />

que aquilo que é revelado não fosse apenas imposto com a autori<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

Escritura, mas também resplandecesse com a luminosi<strong>da</strong>de do raciocínio.<br />

Daí as provas <strong>da</strong> existência de Deus, a tentativa de compreender por que o<br />

Verbo de Deus se encarnou, por que Deus é uno e trino e como são<br />

“compossíveis” a predestinação e a liber<strong>da</strong>de humana.”<br />

Anselmo tem uma grande confiança na razão humana, que, em sua opinião, é capaz de<br />

lançar luz sobre os mistérios <strong>da</strong> fé cristã e demonstrar sua coerência, sua conveniência e<br />

sua necessi<strong>da</strong>de.<br />

Trata-se, portanto, <strong>da</strong> fé que procura a inteligência (fides quaerens intellectum) e,<br />

conseqüentemente, de uma contínua e sutil meditação racional sobre as razões <strong>da</strong> fé.<br />

Anselmo coloca entre parênteses as ver<strong>da</strong>des que aceita pela fé para alcançá-las com a<br />

razão quando reflete sobre as ver<strong>da</strong>des de fé. Em um e outro caso a razão se move<br />

constantemente ao longo do traçado <strong>da</strong> fé, pela explicitação de suas ver<strong>da</strong>des. Aí estão o<br />

programa e o âmbito nos quais amadurece a “razão” anselmiana. Nesse contexto é que se<br />

podem compreender suas duas afirmações sintéticas, fides quarens intellectum e credo<br />

utinteligam (creio a fim de poder compreender): a fé se ilumina pela inteligência. As<br />

ver<strong>da</strong>des de fé estão pressupostas (fides quae credituir) nos seus conteúdos, que não são<br />

fruto <strong>da</strong> investigação racional, mas a ela — a fé em que se acredita é ofereci<strong>da</strong> pela<br />

própria fé, que permanece como o ponto de parti<strong>da</strong>, uma espécie de pilastra, de to<strong>da</strong> a<br />

construção racional. A razão serve para articular as ver<strong>da</strong>des <strong>da</strong> fé ou para iluminá-las<br />

através de argumentações dialéticas. Desse conjunto surge uma perfeita concordância<br />

43<br />

claudiordutra@hotmail.com

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!